Por Jenilson Rodrigues

Um dos belíssimos cartazes de Jovem Aloucada traz uma “vulva flamejante”, algo não muito comum e ousado ao mesmo tempo, uma linda obra de arte que traduz um pouco do ambiente do longa dirigido por Marialy Rivas.

Daniela (Alicia Rodriguez), uma linda jovem de 17 anos leva uma vida pautada pela falta de liberdade e pelo pudor exagerado de uma família tradicionalmente religiosa, mais precisamente evangélica. Sua infância e sua adolescência são marcadas por repressão familiar, censura e proibições. Como fuga para tantas frustrações ela cria um blog para expor sua visão sobre o sexo e acaba encontrando no mundo virtual uma esperança conhecendo e interagindo com as únicas pessoas que realmente lhe dão algum tipo de atenção. Porém, ao ter uma de suas experiências narradas no blog descoberta pelo colégio conservador onde estudava, ela é expulsa da escola e se vê obrigada a traçar novos rumos para sua vida mesmo diante de tanto preconceito e autoritarismo por parte de sua família.

Assim como no cartaz, algumas animações contribuem para que a trama desperte o interesse do espectador nos primeiros minutos do filme. Elas interagem com a narração de Daniela que em alguns momentos descreve na tela parte de suas experiências exatamente como são exibidas em seu blog. Tratar de um tema sexual é sempre complexo, mas a linguagem direta e de fácil entendimento utilizada não compromete e nem se escorrega em termos politicamente corretos, o que mantém o bom humor e a leveza conquistados nessa produção. Há algumas ilustrações surpreendentes e engraçadas como desenhos que mesclam personagens bíblicos com órgãos sexuais, isso pelo menos no início dá certa identidade ao filme.

Um dos problemas de Jovem Aloucada é a sensação de que faltou gás para conduzir o resto da história, a montagem poderia ter sido mais bem construída, principalmente depois da primeira metade do longa, que acaba oscilando e soando previsível em determinados momentos.

Mesmo com as adversidades, a forma como o sexo é apresentado encanta graças às ótimas tomadas que destacam a expressão das personagens acima da nudez. É interessante também poder acompanhar todas as tensões geradas pela vida sexual de uma adolescente mostrada de forma verdadeira, o que nos lembra do quão complicado e conflitante pode ser essa fase na vida de uma garota. Principalmente em se tratando de uma família e sociedade tão repressoras. Mais um ponto para o cinema chileno que já produziu outras boas obras do gênero, haja vista o filme Sexo com Amor (2003), do diretor Boris Quercia.

Criar a expectativa de encontrar em Jovem Aloucada mais um filme de aventuras de uma jovem ninfomaníaca – como muitos críticos descreveram – pode ser errôneo e equivocado, pois apesar de não figurar como uma grande produção, o longa-metragem de Marialy Rivas consegue traçar uma visão realista sobre o sexo na adolescência e as consequências advindas de um excessivo controle religioso na vida de uma pessoa.

Cinemascope-jovem-aloucada-poster-brJovem Aloucada (Joven y Alocada)

Ano: 2012

Diretor: Marialy Rivas

Roteiro: Marialy Rivas, Pedro Peirano

Elenco Principal: Alicia Rodriguez, Alinne Kuppenheim, Felipe Pinto, Maria Gracia Omegna

Gênero: Drama

Nacionalidade: Chile

 

 

 

 

Confira o trailer:

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