Por Breno Bringel

Premiações, em geral, sempre apresentam resultados insatisfatórios. Em se tratando de Oscar, essa premissa é quase sempre verdadeira. Levando-se em consideração que a campanha de marketing dos filmes, suas temáticas e a recepção do público são o ponto chave para possíveis indicações e prêmios, alguns filmes, apesar da excelência cinematográfica que representam, acabam por serem preteridos por outros longas com melhores campanhas. Desse modo, analisando os 10 últimos ganhadores do Oscar de Melhor Filme, selecionamos os seguintes seis longas que mereciam ter ganho o grande prêmio do cinema norte-americano. Vamos à lista (lembrando que essa lista é uma escolha pessoal, comentem quais seriam suas próprias escolhas, caso não concordem!):

Encontros e Desencontros (Lost in Translation – Oscar 2003)

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Segundo longa dirigido por Sofia Coppola, este fantástico trabalho sobre o isolamento e as diferenças culturais levou apenas um prêmio de Melhor Roteiro Original (para a própria Coppola), perdendo nas demais categorias em que concorria, inclusive nas indicações para Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator (Bill Murray, inclusive, não escondeu, em momento algum durante a cerimônia, seu descontentamento em ter sido derrotado). em momento algum durante a cerimônia, seu descontentamento em ter sido derrotado). Naquele ano, o vencedor da categoria principal do prêmio acabou sendo, injustamente (e como forma de se desculpar pelas derrotas sofridas pelos dois filmes anteriores), O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.

O Segredo de Brockeback Mountain (Brockeback Mountain – Oscar 2005)

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O polêmico filme de Ang Lee, uma forte e tocante história de amor entre dois cowboys, vinha na dianteira da grande premiação, tendo recebido prêmios como o Producers Guild of America e o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama. Porém, para surpresa geral, inclusive do próprio Jack Nicholson ao apresentar os ganhadores da referida categoria, a Academia resolveu laurear como melhor filme do ano o fraco Crash – No Limite. Muito se falou, principalmente após a premiação, sobre o conservadorismo ou falta de coragem da Academia em premiar um filme com tal temática, apesar da mesma ter reconhecido o êxito cinematográfico que o longa representa, premiando Ang Lee como Melhor Direção.

Desejo e Reparação (Atonement – Oscar 2007)

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Não há como não concordar que Onde os Fracos Não Tem Vez é um filme absurdamente espetacular, apesar de não ser o melhor trabalho dos irmãos Coen. Porém, naquele ano, tínhamos outro filme igualmente espetacular dentre os indicados, uma obra intensa, completamente fora dos clichês do gênero e com um apuro técnico impressionante, Desejo e Reparação. Este segundo longa do ótimo Joe Wright, que já havia ganhado o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama e o Bafta de Melhor Filme, chegou à cerimônia com sete indicações, e saiu apenas com o prêmio de Melhor Trilha Sonora, para o brilhante Dario Marianelli.

Milk – A Voz da Igualdade (Milk – Oscar 2008)

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Em um ano com candidatos fracos, em que bons diretores apresentaram trabalhos medianos, Milk – A Voz da Igualdade, filme de Gus Van Sant, com elenco e direção fabulosos, e contando a impactante história verídica do ativista Harvey Milk, despontava como o melhor filme da lista. Apesar disso, o longa foi derrotado pelo regular Quem Quer Ser Um Milionário, que também havia arrecadado vários outros prêmios. Milk acabou levando apenas os prêmios de Melhor Ator (para Sean Penn) e Melhor Roteiro Original (para o pouco conhecido Dustin Lance Black).

A Rede Social (The Social Network – Oscar 2010)

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Neste ano, frutífero para a categoria de Melhor Filme, tínhamos excelentes longas indicados, inclusive a animação Toy Story 3, mas A Rede Social, longa de David Fincher sobre a criação do Facebook, despontava dos demais, não pela simples história que contava, mas por Fincher construir em pouco mais de 120 minutos um retrato fiel da juventude da última década, movida pela internet e tecnologias. Porém, O Discurso do Rei, mediano longa de época dirigido por Tom Hooper, acabou saindo da cerimônia como o grande vencedor da noite, por conta da forte campanha realizada a favor do longa, inclusive pelo próprio Hooper, que chegou, a se mudar para Los Angeles durante os meses anteriores à premiação.

Filme Além dos clichês…

Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine – Oscar 2006)

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Todo ano, figuram entre os indicados à categoria principal do Oscar filmes de orçamento abaixo do padrão dos grandes estúdios e que, ancorados principalmente pelo Festival de Sundance, chegam ao mais importante prêmio da indústria cinematográfica dos EUA. Esses filmes, quase sempre, recebem poucas indicações e, muitas vezes, não ganham nada. Em 2006, Pequena Miss Sunshine, belo road movie dirigido pelo casal estreante Jonathan Dayton e Valerie Faris, ocupou este posto, mas, ao contrário do que geralmente ocorre o longa, que já havia ganhado prêmios como o Bafta e o Screen Actors Guild Awards, recebeu quatro indicações, inclusive ao prêmio de Melhor Filme, ganhando, apenas, os prêmios de Melhor Roteiro Original (para Michael Arndt) e Melhor Ator Coadjuvante (para o sensacional Alan Arkin). Naquele ano, o longa premiado na categoria principal foi o ótimo Os Infiltrados, que, como todo mundo sabe, não é o melhor filme de Martin Scorcese, mas foi o prêmio pelo qual a Academia se redimiu com o diretor pelas várias derrotas anteriores.