Por Luciana Ramos

O novo longa de Woody Allen é uma revisitação de trabalhos antigos em tema, personagens, tom e pano de fundo. Sem a densidade dramática do seu trabalho anterior, Blue Jasmine, possui oscilações de ritmo que dificultam a sua apreciação, mas consegue cumprir a sua função de entreter os fãs do seu estilo já característico.

A médium americana Sophie Baker (Emma Stone) tem impressionado muito a rica família que a hospeda no sul da França. A matriarca Grace Catledge (Jacki Weaver) recuperou a sua felicidade por poder contatar seu falecido marido e o seu filho Brice (Hamish Linklater) vive encantado com as habilidades de Sophie, destinando-se a passar seus dias fazendo embaraçosas serenatas com um ukulele.

Porém, nem todos da família mostram-se tão convictos com tamanha sensibilidade psíquica e, por meio do amigo Howard Burkan (Simon McBurney), Caroline (Erica Leerhsen) e George (Jeremy Shamos) contatam Stanley Crawford (Colin Firth), um inglês que assume no palco a persona do ilusionista chines Wei Ling Soo.

Acostumado a executar truques elaborados, assume o dever de resgatar os Catledge da suposta pilantra. No entanto, após ouvir detalhes pessoais da sua vida por Sophie, passa a questionar não só a veracidade dos talentos da jovem como toda a sua existência cética.

Como feito anteriormente em Scoop – O Grande Furo (2006) e O Escorpião de Jade (2001), Allen utiliza a mágica como fio condutor da história e explora a sua premissa, o ato de ludibriar a plateia, para tecer um jogo onde a habilidade do espectador em desvendar a verdade por trás das cenas é testada. Ademais, por meio dos questionamentos existenciais do protagonista, discute os limites entre realidade e fantasia, propondo que a última é tão necessária para a sobrevivência quanto a primeira.

Por meio dos seus já conhecidos diálogos afiados e embebidos de sarcasmo, apresenta uma trama que parece mesmo ter saído dos anos 1920, década retratada no filme, pela ausência de profundidade dos personagens e conflitos.

Não se trata de uma deficiência do roteiro, mas a real intenção do diretor: a de entreter, pura e simplesmente. Assemelha-se em leveza e despretensão à obras passadas como Sonhos eróticos de uma noite de verão (1982) e, ainda que não acrescente algo novo, possui a característica qualidade narrativa e visual de Allen.

No entanto, o longa peca pela demora de resolução do conflito e a inserção de cenas que não contribuem no seu andamento afeta negativamente a trama. Em contraponto, as boas atuações da carismática Emma Stone e de Colin Firth, que propõe uma nova abordagem à persona neurótica presente em todos os filmes do diretor, são pontos fortes do filme.

Mesmo que não expresse o melhor de Woody Allen e revele-se inferior a seus trabalhos recentes, Magia ao Luar reafirma os poderes de ilusionista do diretor, que oferece diálogos inteligentes e reconstituição de época perfeita, embalada com melodias a voz de Cole Porter.

Cinemascope - Magia ao Luar posterMagia ao Luar (Magic in the Moonlight)

Ano: 2014

Diretor: Woody Allen

Roteiro: Woody Allen

Elenco Principal: Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden

Gênero: comédia

Nacionalidade: EUA, França

 

 

 

 

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