Definir qual é a sinopse do filme Paradoxo é seria difícil quanto um paradoxo. Talvez, não seria produtivo também. O filme se passa em alguma realidade alternativa entre passado e o presente em que, num cenário de velho oeste, os personagens encontram celulares e eletrônicos em escavações (talvez aí esteja a origem do título). A ideia, parece ser mais construir uma atmosfera do que propriamente uma narrativa clara. O filme traz a tona várias reflexões e parábolas envolvendo a condição de ser humano, as grandes companhias multinacionais e o papel da mulher na sociedade. Isso tudo, embalado pelo poder da música que é capaz de fazer as coisas flutuarem literalmente. Um dos diálogos que achei interessante foi, depois de um diálogo “cabeça” um dos personagens diz: “Preciso anotar isso, mas será que já inventaram a caneta?”.

A produção parece ser um videoclipe gigante, com mais de uma hora de duração. Primeiro pelo fato de termos o cantor Neil Young como a figura, principal do filme. Aqui temos a sensação dar uma espiada dentro da cabeça do cantor, toda a atmosfera que é evocada quando estamos ouvindo algum disco do cantor. Lembrei muito de quando estou ouvindo o álbum “Harvest” e meu pai está em casa e sempre me diz que “parece trilha de filme de faroeste”.

Além disso, vejo o filme mais como uma busca por uma poética visual, construir uma atmosfera, do que propriamente de contar uma história de início, meio e fim. Isso, utilizando como base a linguagem do videoclipe, cheio de colagens e muitas vezes, ignora as leis da física ou qualquer outra do mundo real. Me lembrou um pouco o universo azul que Jack White criou na sua carreira solo pós-White Stripes como no clipe de Sixteen Saltines (acho que principalmente por causa do moleque voando) que se passa em algum futuro distópico habitado apenas por adolescentes, com o corpo banhado de tinta e sem uma narrativa clara. Lindo também.

Provavelmente é um filme que não vai agradar à todos e o objetivo nem parece ser este. O foco parece ser os que já conhecem um pouco a obra do cantor. Que já deram essa espiada no universo de Neil. Eu que sou fã, adorei o “mimo” de visualizar de forma tão lúdica o universo folk de uma forma tão rock’n roll quanto é a música de Neil (que já não está tão Young assim). O que não significa que não posse ser feito de forma contrária. Assistir ao filme e depois explorar o universo musical.

A trilha do filme está disponível para audição e é tão interessante ouvi-la quanto vê-la. E um bônus, se quiser ingressar no universo do cantor antes de assistir ao filme, sugiro a coletânea Greatest Hits de 2004 que traz muita coisa boa do cara. Bem vindo à esse universo maravilhoso folk rock!

Paradoxo

Ano: 2018
Direção: Daryl Hannah
Roteiro: Daryl Hannah
Elenco principal: Neil Young, Lukas Nelson, Micah Nelson
Gênero: ​Musica
Nacionalidade: Estados Unidos

Avaliação Geral: