Por Sttela Vasco


O que aconteceria com o mundo se as abelhas deixassem de existir? Qual a importância desse inseto tão pequeno na vida humana? Essas são algumas das perguntas que Mais que Mel (Moren than Honey) traz ao público. O documentário, dirigido pelo suíço Markus Imhoof, nos faz pensar sobre a maneira como o ser humano trata o meio ambiente e o utiliza sem pensar nas consequências. De uma maneira quase didática, Mais que Mel nos mostra como funciona uma colmeia, além de explicar como se dá a complexa maneira como as abelhas conseguem manter a colônia viva.

Com o preocupante dado de que, em menos de quinze anos, 50% a 90% das abelhas desapareceram da Terra, Markus Imhoof parte em uma longa investigação para justificar o que tem levado a isso. Viajando por diversos países e entrando em contato com diversas pessoas e culturas, Imhoof passa a analisar a responsabilidade do ser humano no desaparecimento desse animal. Esbarrando no crescimento descontrolado da civilização, o documentário conta com a ciência e com um pouco da filosofia para abrir os olhos da população diante de um fato grave: sem a polinização feita pelas abelhas, 80% dos legumes, frutas e quase toda espécie de vegetal consumido pelo homem também desaparecerão.

Vencedor dos festivais Swiss Film Prize, German Film Awards e Bavarian Film Awards na categoria Melhor Documentário e indicado pela Suíça para concorrer a uma vaga no Oscar, Mais que Mel traz imagens que beiram à perfeição. A fotografia ajuda muito, fato que se deve aos cenários que, em sua maioria, são muito bonitos, mas a qualidade técnica é o que mais impressiona. Os recursos que Markus utilizou para fazer “mergulho” ao universo das abelhas – isso inclui panorâmicas e o uso excessivo de planos detalhes – mantiveram a qualidade das imagens de tal forma que o espectador sente que está fazendo uma visita à colônia.

No entanto, não é somente de belas paisagens e takes surpreendentes dentro da colmeia que o documentário é feito. Há uma questão ambiental fortemente presente e somos expostos a ela ao longo de todo o filme. Após alguns minutos, é possível sentir-se mal com a maneira que as abelhas são tratadas, completamente submetidas à escravização, sendo tratadas como nada além de uma fonte de dinheiro para grande parte dos criadores – há, porém, alguns que contrabalanceiam essa visão negativa, que não produzem de mel de uma forma industrializada e tratam esses insetos, inclusive, como parte de suas famílias. Mais que Mel traz uma dura mensagem: nós não sabemos utilizar recursos naturais sem destruí-los, e as abelhas são apenas a exemplificação disso.

Com um tom bastante parecido ao de Uma Verdade Inconveniente, Mais que Mel revela como, aos poucos, estamos destruindo o ecossistema desses insetos – a queda do número de abelhas em quase 90% comprova tal fato. Há, inclusive, cenas que expõem tal realidade, sendo a mais impactante delas em uma zona rural da China onde, após matarem todas as abelhas através do uso excessivo de inseticidas e substâncias tóxicas, foram colocados humanos para realizar a polinização. A diferença entre os locais polinizados por abelhas e por humanos é gritante e chama atenção para o fato que não podemos “dar um jeito” em tudo. Apesar de não trazer possíveis soluções para o problema – algo que documentários se dispõe a fazer – Mais que Mel serve como lição e incentivo para repensarmos nossas atitudes, sejam com as abelhas ou qualquer outro ser do meio ambiente.

Cinemascope - Mais que MelMais que Mel (More than Honey)

Ano: 2012

Direção: Markus Imhoof.

Roteiro: Markus Imhoof.

Elenco principal: John Hurt.

Gênero: Documentário

Nacionalidade: Suíça

 

 

 

Veja o trailer: