Por Rafael Ferreira
Em meio as estreias de filmes nacionais produzidos pela Globo Filmes, eis que surge um cineasta independente para quebrar o monopólio nas salas de cinema e lançar seu filme de zumbis, Mar Negro, uma produção com a seriedade de George Romero e divertida e gore como os primeiros filmes de Sam Raimi.
O oceano ainda guarda muitos mistérios, como aquele que os pescadores Cavalo Cansado (Tiago Ferri) e Peroa (Markus Konká) pescam logo no início da projeção, algo difícil de descrever com palavras, que o diretor do filme batizou de Baiacu Sereia. Aparentemente (o filme não dá uma explicação, e nem sequer precisa), uma epidemia assola uma região litorânea, transformando os peixes em criaturas mutantes, e transmitindo este mesmo mal para quem consome sua carne ou, como é de se esperar, é ferido por uma destas criaturas. Tem início o terceiro filme da saga do terror tropical de Rodrigo Aragão, lançada com Mangue Negro, seguido pelo ótimo A Noite Do Chupacabras.
Além do já citado Baiacu Sereia e dos zumbis e outros dois monstros surpreendentes, sejam bonecos animatrônicos ou um ator usando uma fantasia, o filme não seria o mesmo se não tivesse personagens com os quais nos importamos, torcemos e consigam superar seus conflitos externos e internos, é o caso de Albino (Walderrama Dos Santos), personagem cujos genes recessivos o colocam como a minoria desprezada da região, guarda uma paixão secreta por Indiara (Kika de Oliveira) e não encontra coragem para se declarar, mesmo que encontre esta coragem no fundo de uma garrafa, não faria muita diferença, pois a moça já é mãe de duas crianças e casada com o pescador Peroa e cobiçada pelo seu colega de pescaria Cavalo Cansado.
Partindo para um clima de descontração, acompanhamos a abertura do putei… do bordel da Madame Ursula (Cristian Verardi se divertindo com o personagem), vistoriado pelo Deputado Ferreira (Coffin Souza) e seu assistente (Joel Caetano) que em meio a tantas mulheres é obrigado a se conter. A grande noite de abertura do putei… do bordel é marcada pela apresentação da cantora latina Isidora Fernandez (Mayra Alarcón), acompanhada de seu guarda costas interpretado pelo diretor mexicano Agustín “Oso” Tapia. Com a apresentação dos personagens feita, o filme não perde tempo em partir para a ação e dar início à epidemia zumbi, acompanhando três segmentos: Albino que almeja proteger Indiara e provar seu amor; Indiara que se encontra no bordel (dessa vez falei certo) onde a crise parece estar pior; e na casa de Indiara, a pequena Clara (Carol Aragão) está completamente desprotegida com seu irmãozinho.
Mesmo que o filme tenha seus deméritos com relação à escolha de certos ângulos de câmera, nada que prejudique sua narrativa, esta falha é compensada pela excelente iluminação, direção de fotografia e direção de arte, que nos fazem acreditar neste universo, e é claro não podiam faltar elogios à equipe de efeitos especiais, que segundo a entrevista que você confere aqui, conseguiu enganar a equipe do IBAMA, fazendo-os acreditar que uma baleia mecânica criada para o filme fosse um animal de verdade.
Divertido, com boas atuações com os atores já confiantes diante das câmeras, e com um ótimo ritmo, Mar Negro é uma referência ao colapso ambiental que a sociedade vive atualmente. O filme faz sua crítica social ao colocar um deputado como uma vítima em potencial da epidemia zumbi, colocando-o numa situação que só não achará graça os colegas de profissão. O final surpreendente mostra que é fácil para as pessoas menosprezadas pela sociedade escolherem o “lado negro da força”.
Ano: 2013
Diretor: Rodrigo Aragão
Roteiro: Rodrigo Aragão
Elenco Principal: Walderrama dos Santos, Mayra Alarcón, Cristian Verardi, Tiago Ferrir, Kika Oliveira.
Gênero: Horror
Nacionalidade: Brasil
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