Por Sttela Vasco
Nostalgia e diversão. Essas duas palavras definem bem o que se pode esperar da animação Uma Aventura Lego. Com um tom irreverente, recheado de piadas leves, porém, inteligentes, essa produção da Warner faz com que resgatemos memórias relacionadas a um dos brinquedos mais populares existentes, além de provar que é possível que uma história simples consiga entreter e encantar na medida. Com um ritmo frenético, muita cor e personagens conhecidos – e queridos – pelo público, a obra assinada pela dupla Phil Lord e Chris Miller diverte às crianças, mas traz mensagens para os adultos ao longo de toda a sua narrativa.
Em uma cidade pacata e tradicional, Emmet (Chris Pratt), é apenas mais um Lego comum que segue sua vida de acordo com um manual de instruções. Tudo muda quando, ao encontrar a peça de resistência, ele é confundido com um Mestre Construtor e recebe nada menos do que a missão de salvar o mundo das maléficas intenções do Sr. Negócios. Apesar de sua falta de habilidade, Emmet passa a se empenhar para provar que mereceu tal missão e, com a ajuda de outros mestres construtores, ele se preparará para enfrentar o maior desafio de sua vida.
Não há como negar: a estrutura de Uma Aventura Lego é encantadora. A obra consegue equilibrar personagens famosos com uma história interessante e ainda acrescentar piadas na medida, tudo em uma mistura frenética. As cenas, em geral, acontecem de maneira rápida e o ritmo permanece assim durante toda a animação. Inclusive, a grande sacada desse enredo é a sua agilidade e as pequenas reviravoltas – feitas com muito humor em sua maioria – durante a história. Junto ao ritmo, estão os cenários extremamente coloridos e com informações aos montes (enquanto você presta atenção em um detalhe da cena, outros cinco mais já foram inseridos junto) que, apesar de confusas à primeira vista, conseguem prender a atenção. A impressão é que está se acompanhando a uma corrida, mas que todos os detalhes são possíveis de serem vistos.
Um ponto relevante sobre o filme é que ele é mais voltado para adultos do que para crianças, não devido ao seu conteúdo ou às cenas, mas pelas mensagens inseridas durante a narrativa e a nostalgia que eventualmente provoca. É impossível ver o Batman ou algum personagem de Star Wars surgir na tela e não ser tomado por aquele sentimento de “eu vivi isso”. Essa, aliás, é mais uma das sacadas do filme: por se tratar de algo tão difundido e querido como o Lego, a obra acaba tendo certo apelo ao lado saudosista das pessoas, algo que promove o filme e, em consequência, a marca. A questão “brinquedo versus artigo de coleção” também é retratada de uma forma interessante, mas a verdadeira “lição” de Lego é o poder possível de ser alcançado quando, acima de tudo, nós confiamos em nós mesmos e deixamos de lado convenções ou “manuais” de o que é ou não certo.
Ao longo de suas quase duas horas de duração, Uma Aventura Lego conta com trechos bem humorados que conduzem as duas “questões chave” da história: a alienação atual – e, de certa forma, a maneira com que todos nós acabamos agindo e nos comportando igual, apesar de buscarmos sempre a individualidade – e o apego exagerado que alguns de nós temos com certos objetos. De uma maneira inocente, mas não ingênua, o longa mostra que, às vezes, arriscar algo diferente e fugir do pensamento coletivo pode ser muito mais relevante do que seguir regras e conceitos já estabelecidos, além de trazer, em sua mais interessante reviravolta, a interessante e curiosa mensagem que nós eventualmente esquecemos: Lego, assim como outros, são brinquedos e, antes de mais nada, foram feitos para brincar.
Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
Ano: 2014
Direção: Chris Miller, Phil Lord.
Roteiro: Chris Miller, Phil Lord.
Elenco: Chris Pratt, Morgan Freeman, Will Arnett.
Gênero: Animação, Aventura.
Nacionalidade: EUA, Austrália.
Veja o trailer:
Galeria de Fotos: