Por Lívia Fioretti
Você fala economês? Nem eu. Na verdade, eu conheço muitas poucas pessoas que conseguem finanças com confiança – aquelas que usam todos os termos complexos e estranhos que dão frio na espinha só de ouvir, sabe? Entretanto, é fundamental entender a quantas anda a economia mundial (não apenas para não fazer feio na conversa com o chefe, mas principalmente para ter uma opinião fundamentada sobre o assunto). Entendendo isso, o diretor Adam McKay acertou em cheio criando um filme que traduza o vocabulário de Wall Street para o público geral.
A Grande Aposta conta como um grupo de pessoas previu o colapso da bolha imobiliária americana que resultou na crise econômica de 2008 e afetou o mundo inteiro. Basicamente, eles viram uma oportunidade para ganharem MUITO dinheiro enquanto milhões ficavam desempregados e perdiam suas residências. Antes de mais nada, é fundamental reforçar a culpa dos bancos nessa história toda, pois eles permitiam que pessoas sem recursos adquirissem casas à crédito…Enfim, é necessário assistir para entender. Utilizando diversos recursos narrativos (como Margot Robbie em uma banheira de espuma explicando swaps e subprimes), o filme faz um bom trabalho explicando o fenômeno. Entretanto, como McKay deixou de lado a narrativa clássica e baseou a história em um ritmo alucinante, é normal algumas (consideráveis) partes passarem incompreendidas.
A obra é uma forte concorrente na batalha pelo Oscar, marcando presença em cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. Mesmo com apenas Christian Bale sendo indicado à estatueta, o elenco de peso é dividido como se todos fossem protagonistas: Ryan Gosling deixa de lado seu lado galã para encarnar um almofadinha convencido e irônico, Brad Pitt tornou Ben Rickert, o oposto de Darth Vader (um ex-vilão que vira “do bem”), Steve Carell dá vida a uma histérica bomba relógio como Mark Baum e, por fim, Christian Bale conquista como um esquisitão viciado em heavy metal, desequilibrado e antissocial.
Alinhado com as personagens excêntricas, o cenário caótico e o dinamismo da narrativa, McKay usa e abusa de cultura pop mixando celebridades, humor e vídeos do YouTube em cenas de curta duração para ajudar a explicar a história. Outro recurso muito empregado é os atores conversando diretamente com a câmera (e com o público), gerando uma aproximação ainda maior do espectador, tudo para envolvê-lo em o que poderia ser uma aula demasiadamente chata – mas acaba provando que qualquer um pode falar sobre finanças.
Como o final da história é conhecido por todos que já tinham consciência em 2008 (além de os jornais nos relembrarem o efeito da crise diariamente), não espere grandes novidades. A reviravolta reside no julgamento de valor de cada espectador – o resultado da aposta é feliz? Cabe a você julgar.
A Grande Aposta (The Big Short)
Ano: 2016
Direção: Adam McKay
Roteiro: Charles Randolph e Adam McKay, baseado no livro de Michael Lewis
Elenco principal: Ryan Gosling, Christian Bale, Steve Carrel, Brad Pitt, Melissa Leo, Marisa Tomei.
Gênero: Biografia, Drama, Comédia
Nacionalidade: EUA
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