Por Aline Fernanda
Em 1984, Tim Burton, na época com 25 anos, dirigia o curta Frankenweenie, que contava Shelley Duval e Daniel Stern, um elenco de peso. O curta tinha data de estreia marcada para dezembro do mesmo ano em que foi filmado. Ele seria lançado juntamente com Pinóquio, mas antes disso a Disney fez duas apresentações experimentais para pais e crianças. E teve como resposta a classificação PG, que significaria algo como ‘as crianças deveriam assistir acompanhadas de seus pais’, por ter o lance de eletricidade envolvido, o que poderia despertar nas crianças curiosidades perigosas.
O remake do curta conta a história de Victor um jovem introspectivo, que gosta das aulas de ciências e tem como melhor amigo seu cão Sparky. Tudo vai bem até que após um presságio do Mr. Whiskers, o gato de uma das suas colegas de sala, seu melhor amigo morre atropelado por um carro. Encorajado por seu professor, Mr. Rzykrusky, Victor tenta trazer seu amigo de volta com a ajuda da eletricidade. Todos seus colegas estão destinados a ganhar o prêmio da feira de ciências e para o azar dos moradores da cidade de New Holland, eles vão usar a mesma experiência de Victor.
Burton usa referencias diretas a antigos filmes como, Frankenstein, A Noiva do Frankenstein, Drácula, Múmia, Homem-invisível, Lobisomem, filmes lado B que consagraram o gênero terror. Além desses, ele usa a referência do Godzilla (1998) e de sua própria filmografia como Edward Mãos de Tesoura, as vilas se parecem; A Noiva Cadáver, o prefeito de New Holland deve ser irmão do pai da Victoria, e ainda o Victor Frankenstein parece o Victor que mais tarde se casaria com Emilly, a noiva cadáver.
O filme foi todo gravado em stop motion e em preto e branco, talvez com a intenção de deixá-lo com cara de sombrio e parecer um filme antigo, assim como suas referências. Após muito tempo de parcerias e muitos filmes gravados, Jhonny Depp e Helena Bonham Carter não estão no elenco. Apesar disso, Burton manteve sua parceria com o compositor Danny Elfman quem assina a trilha sonora do filme.
A família Frankenstein é uma típica família de subúrbio americano, o pai sai para trabalhar e passa a maior parte do tempo no trabalho, já a mãe é uma típica dona de casa que lava, cozinha e limpa lendo seus romances e dando pouca atenção ao que o filho está aprontando. Quanto as estranhezas clássicas nos filmes de Tim, elas aparecem por toda a parte, quase que para mostrar que o estranho está em todo lugar, já é regra e não excessão. E o jovem introspectivo se torna bizarro aos olhos dos demias por de alguma forma não se enquadrar no “normal”.
O filme, que tem caracteristicas autobiograficas do diretor, como a escola em que estudava e o seu desajustamento enquanto aluno, o bairro de subúrbio e ainda as filmagens em Super 8 que fazia quando criança, é simples e muito bem construído. Burton conseguiu, depois de Sombras da Noite, retomar o seu estilo único e sombrio que faz com que os amantes de sua arte, pensem: “Ai está o bom e velho Tim Burton”.
“No meu ponto de vista, quanto mais a trama fosse para o lado garoto cientista louco engraçadinho, menos impacto o filme teria. Não acho que seja uma história sombria ou macabra, nem tentamos fazer com que o cão parecesse algo horrível. Victor ressucita o cão porque o ama muito. Tentamos fazer o filme ser o mais franco e direto possível, e acho que ele tem uma perspectiva completamente nova.”
Tim Burton em “O estranho mundo de Tim Burton (2011)”
Ano: 2012
Diretor: Tim Burton.
Roteiro: John August.
Vozes: Winona Ryder, Catherine O’Hara, Martin Short, Christopher Lee.
Gênero: Animação.
Nacionalidade: EUA.
Assista o Trailer:
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