O ex-secretário do Tribunal Penal, Benjamín Espósito (Ricardo Darín), resolve escrever um romance baseado em um assassinato que ocorreu há vinte anos. No ano de 1974, uma jovem é violentamente assassinada em Buenos Aires. Espósito torna-se encarregado de investigar o crime, descobrindo que o autor tinha uma forte ligação com a jovem. Ao relembrar esse período, o investigador revê a sua paixão por Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe, além de analisar suas decisões antigas. O filme mostra como a memória é determinante no desenvolvimento do presente e como o passado ainda interfere nas atitudes do presente (e vice-versa).
A História Oficial (Luis Puenzo, 1985)
Alícia (Norma Aleandro) leciona história e é mulher de um rico executivo. Sendo da classe média, não conhece a realidade do passado recente de seu país. Durante a ditadura cívica-militar (1976-1983), Roberto (Héctor Alterio) – marido de Alícia – adota Gaby (Analia Castro). Ana (ChunchunaVillafañe), amiga da protagonista e perseguida política, relata os horrores realizados pelos militares, fazendo com Alícia questione a “origem” de Gaby, levantando que esta poderia ser filha de presos políticos e que seu marido teria relações com os repressores do governo. Assim, Alícia começa a investigar sobre o caso, fazendo com que descobrisse as ligações da Igreja Católica e da classe média com o regime, além de conhecer as Mães da Praça de Maio, organização criada por matriarcas que reivindicam a localização de seus filhos – opositores da ditadura- e que permanece até hoje. Ao ter ciência do movimento das Mães da Praça de Maio, Alícia descobre a possível avó biológica de Gaby, o que acarreta sérias mudanças em sua vida.
O Filho da Noiva (Juan José Campanella, 2001)
Rafael Belvedere (Ricardo Darín), um quarentão divorciado, está vivendo uma crise econômica (juntamente com quase toda a Argentina da época) e está passando por diversos questionamentos, como vender o restaurante de sua família e o seu papel como pai. Além disso, Norma (Norma Aleandro), mãe de Rafael, está perdendo sua memória e precisa de cuidados e carinho. Diante de toda essa situação, Rafael sofre um ataque cardíaco, passando a olhar de outra forma para a sua vida.
O Pântano (Lucrecia Martel, 2001)
La Cienaga é uma cidade do interior argentino, formada por diversos pântanos e que se alaga diversas vezes ao ano. Perto dalí, fica um povoado onde são cultivados pimentões. Constantemente, duas famílias – formadas por Mecha (Graciela Borges) e Tali (Mercedes Morán) – vão para lá. Tati, prima de Mecha tem um casamento sólido e uma família estruturada, enquanto que Mecha tem um casamento infeliz. Assim, as duas primas entram em conflito.
Kamchatka (Marcelo Piñeyro, 2002)
O garoto Harry (Matías del Pozo) tem sua vida totalmente modificado quando seus pais, opositores do regime cívico-militar, são perseguidos pelo o governo e obrigados a fugirem para uma fazenda. Tentando “escapar” da realidade, o pai resolve criar um jogo para entreter Harry. O filme expõe esse conflituoso período da história argentina através do olhar de uma criança.
Filme além dos clichês…
Nove Rainhas (Fabián Bielinsky, 2000)
Foi difícil eleger o melhor filme dentre os outros, mas ficarei com Nove Rainhas. O filme conta a história de dois malandros, Marcos (Ricardo Darín) e Juan (Gastón Pauls), que planejam um golpe que mudará suas vidas. Ambos organizam a negociação em torno dos selos falsificados conhecidos como “Nove Rainhas”. Com o decorrer da negociação, os dois encontram diversos obstáculos, não podendo confiar um no outro.
O filme se destaca por seu roteiro único, uma mistura de diversos gêneros cinematográficos: ação, comédia e gângster. Um elemento que se sobressai é a universalidade do enredo. Como destacado acima, uma das características do cinema argentino é a sua visão cosmopolita. Talvez seja por isso que, em 2004, foi realizado um remake nos Estados Unidos (171 – Criminal, de Gregory Jacobs).
Um outro dado curioso a se observar são os diálogos dos personagens em relação à situação política e econômica da Argentina do período. Vale lembrar que nessa época o país estava vivendo uma grave crise financeira (Memoria del saqueo, de Fernando E. Solanas, é um ótimo documentário que aborda esse momento da história argentina).