Por Joyce Pais
Dando continuidade ao material que preparamos para o Dia Internacional Contra a Homofobia, celebrado hoje, posto a segunda parte da seleção para a coluna #5+1 com filmes de temática GLBT, que abordam sob diferentes pontos de vista a vida, o preconceito e a luta de quem está inserido nesse grupo. Quem quiser comentar algum filme que não está nessa lista, fique à vontade!
The Bubble
Resultado de uma coprodução França-Israel, The Bubble conta a história de um trio de amigos: o vendedor de discos Noam (Ohad Knoller), o gerente de um café Yelli (Alon Friedman) e a vendedora de cosméticos Lulu (Daniela Virtzer) que dividem um apartamento em um bairro alternativo e moderno de Tel Aviv, local apelidado de “bolha”. Eles levam um vida comum a de qualque jovem e não se envolvem/preocupam com os conflitos políticos e religiosos que acontecem no país. As coisas mudam drásticamente quando Noam se apaixona por Ashraf (Yousef “Joe” Sweid), um palestino que conheceu após um acidente no posto de controle de Naplouse. O filme impressiona não somente pela profundidade e delicadeza com a qual aborda o relacionamento gay, mas principalmente por trazer à tona as dificuldades de quem vive em meio a violência e a morte.
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Filadélfia
Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que ele é portador do vírus da AIDS, Andrew é demitido da empresa. Ele então contrata os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro homofóbico. Durante o julgamento, este homem é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. Com um elenco de primeira (Tom Hanks venceu o Globo de Ouro e o Oscar na categoria Melhor Ator), o filme surgiu numa época importante em que se iniciava discussões acerca da doença, principalmente no Brasil (atrasado em relação a países com os EUA, por exemplo), onde ainda se tinha pouco conhecimento sobre a questão. Vale lembrar que foi na mesma época que perdemos ídolos como Cazuza e Renato Russo, em 1990 e 1996, respectivamente, ambos eram gays e portadores do vírus.
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Milk – A voz da igualdade
Dirigido por Gus Van Sant, que tentou por 15 anos levar ao cinema essa história, o filme remonta a trajetória de Harvey Milk, um nova-iorquino que decide morar com seu namorado Scott (James Franco) em San Francisco, onde abrem uma pequena loja de revelação fotográfica. Disposto a enfrentar a violência e o preconceito da época, Milk busca direitos iguais e oportunidades para todos, sem discriminação sexual. Com a colaboração de amigos e voluntários, ele entra numa intensa batalha política e consegue ser eleito para o Quadro de Supervisor de San Francisco em 1977, tornando-se o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público de importância nos Estados Unidos. O filme rendeu a Sean Penn o Oscar de Melhor Ator, uma indicação no Globo e Ouro, o filme ficou com o prêmio de Melhor Roteiro no Oscar e teve ao todo oito indicações no ano de 2009.
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C.R.A.Z.Y – Loucos de amor
Representante canadense para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2005, C.R.A.Z.Y – Loucos de Amor demorou 10 anos para ter o seu roteiro finalizado e conta a história da família Beaulieu. No Natal de 1960 nasce Zachary, o quarto entre cinco irmãos. Sua infância é marcada pelos aniversários natalinos em que seu pai (Michel Côté) encerra a festa imitando Charles Aznavour. Sua adolescência traz a descoberta de uma sexualidade diferente e sua consequente negação para não decepcionar a família. E a maturidade, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer. Embalado por uma trilha sonora incrível, o filme adentra também os contextos de décadas diferentes, baseando no estilo e, é claro, nas músicas hit do momento. Uma experiência sonora maravilhosa!
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Madame Satã
Exibido na Mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes, Madame Satã (Karim Aïnouz) se passa no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, no ano de 1932. João Francisco (Lázaro Ramos) é um artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua “esposa”; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), seu amante ; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste contexto que ele se transforma no mito Madame Satã, nome apropriado do filme Madame Satã (Cecil B. deMille; 1932), pelo qual João se apaixonou.
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Filme além dos clichês…
Meninos não choram
Feito com apenas $2 milhões de dólares, Meninos não choram é o primeiro filme da roteirista Kimberly Peirce como diretora e rendeu reconhecimento de público e crítica por onde passou, levando, de quebra, diversos prêmios como Oscar de Melhor Atriz para Hilary Swank e Globo de Ouro para a mesma, além de indicações de Melhor Atriz Coadjuvante para Chloë Sevigny, nas premiações já citadas.
O longa conta a história real de Teena Brandon, que passou a reivindicar uma identidade masculina, numa cidade rural de Falls City, Nebraska. Brandon inicialmente consegue criar uma imagem masculinizada de si mesma, se apaixona pela garota com quem sai, Lana e se torna amigo de John e Tom. Mas quando a identidade sexual é revelada, inicia-se uma perseguição violenta na cidade, caracterizada por pensamentos provincianos e machistas.
Com o passar dos anos, Meninos não choram se tornou um cult do gênero e ele se torna importante não somente por suas atuações viscerais, sua realidade crua e, ao mesmo tempo, apaixonante, mas por retratar dramas que necessitam ser vistos e discutidos; por mais que achamos que pertençam somente à uma história na tela, portanto, distante de nós, na verdade ela existe por todos os lugares e precisam ser enxergadas (e respeitadas) como realmente são.
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Menções honrosas:
O Segredo de Brockeback Moutain