Por Sttela Vasco
Com o Natal chegando, é comum que comecem a pipocar diversos filmes sobre essa temática na televisão. Os assuntos vão desde a vertente religiosa até acontecimentos que só poderiam se realizar no Natal. Porém, um dos tipos mais destacados de história é aquele baseado em “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens. Para quem não se familiarizou com o nome, esses filmes, em geral, têm a figura de um senhor avarento que é visitado por três fantasmas (passado, presente e futuro consecutivamente) na noite de Natal. Muitas adaptações já foram feitas – de desenhos a musicais – e você provavelmente verá uma delas passando nas telinhas esse ano. Confira os eleitos abaixo, e cuidado com visitas na noite de Natal!
Conto de Natal Disney
Poucos sabem, mas a figura do Tio Patinhas foi baseada na figura de Ebenezer Scrooge, a figura pouco simpática que protagoniza o conto de Charles Dickens. Talvez por essa razão, o pato ranzinza que conhecemos como Tio Patinhas se chame Scrooge McDuck no original. Os conhecidos personagens da Disney assumem o posto das figuras principais presentes no conto. Pateta, por exemplo, é Jacob Marley, o falecido ex-sócio de Scrooge que dá a notícia de ele receberá algumas visitas. Alguns pontos da história foram atenuados – os fantasmas, por exemplo, são mais carismáticos nessa versão – e a história tem como marca estilo próprio do estúdio para recontar histórias. É uma forma sutil e interessante de mostrar o conto para os pequenos e vale a pena ser vista.
Conto de Natal 1999
Há inúmeras produções que levam esse título, inclusive, esse é o mais comum entre filmes para a TV. Porém, um dos mais conhecidos entre esse tipo de filmes e que leva o nome original é o de 1999. Com Patrick Stewart no papel de Ebenezer Scrooge, ele é um dos mais garantidos entre a programação natalina das televisões. A caracterização desse Scrooge é um pouco diferente das outras – em geral, estamos acostumados a vê-lo como um senhor corcunda e de cabelos brancos. O desse filme é relativamente jovem, não possui cabelos e sua postura chega a dar a impressão de que ele não é nem avarento, nem insensível, mas cruel. Em geral, o roteiro segue a história original e não chega a ser algo genial; os cenários e o figurino também deixam um pouco a desejar e a própria figura de Scrooge não chega a ser muito aprofundada, mas não deixa de ser uma bela adaptação e, apesar de alguns problemas, agrada e consegue levar a história a quem ainda não a conhecia.
O Expresso Polar
À primeira vista, O Expresso Polar foge um pouco do conto original e dificilmente é possível reconhecê-lo na animação. Porém, apesar de ser uma história baseada na obra de Chris Van Allsburg, há traços da história de Charles Dickens ao longo do filme. O garoto, personagem principal da história, é uma figura praticamente infantilizada de Scrooge. Ele não acredita no Natal, não entende por que as pessoas o acham tão importante e precisa de provas para isso. Algumas cenas depois, uma marionete – que remete à figura do original – acusa o garoto de cético. A produção surpreendeu ao ser lançada graças ao modo como a digitalização foi feita e, não à toa, foi listado no Guinness de 2006 como o primeiro filme a ter sua captura totalmente digitalizada. Tom Hanks está praticamente irreconhecível nessa animação – não por acaso, ele fez cinco personagens nesse filme – que conta ainda com a participação de Michael Jeter (esse foi o último filme gravado pelo ator) e direção de Robert Zemeckis. Teve três indicações ao Oscar 2005, mas não faturou nenhuma estatueta.
Os Fantasmas de Scrooge
Muito fiel à obra, esse filme conta com a mesma tecnologia de O Expresso Polar, além de também ser dirigido por Robert Zemeckis. A história narra exatamente a vida de Scrooge e seu comportamento. Arrogante e avarento, o senhor mantém seu posicionamento cético até ser obrigado a mudá-lo, o que acontece no momento em que o fantasma do futuro o encontra. Além da tecnologia utilizada para a digitalização e a ótima atuação de Jim Carrey (o ator interpreta Scrooge), o filme consegue trazer mais magia à história. Os recursos, e também o fato de ser um filme puramente computadorizado, permitiram ao diretor inserir alguns elementos fantásticos que os anteriores não tiveram, e é justamente isso que o difere dos outros. Os fantasmas, as viagens e as desventuras de Scrooge são colocadas de forma que o espectador chega a querer acolhê-lo ou pelo menos fazê-lo compreender a realidade. Esse também foi o primeiro filme de animação feito em IMAX 3D que a Disney lançou.
Minhas Adoráveis Ex-Namoradas
Apesar de bastante distorcida, quem conhece o clássico de Dickens logo reconhece alguns de seus elementos nessa comédia romântica. Alguns fatores são trocados nessa adaptação: Connor não acredita no amor (o que seria o Natal no original) e os três fantasmas são ex-namoradas suas, mas a premissa se mantém a mesma. O personagem mulherengo de Matthew McConaughey, Connor Mead, não acredita em relacionamentos duradouros e passou a vida toda pregando que não se casaria. Até que seu irmão se casa e, na noite da festa, ele é visitado pelos fantasmas de três ex-namoradas. Assim como no conto original, Connor vai percebendo, ao longo dessas viagens, que precisa repensar seu estilo de vida. Apesar de ser mais rasa do que as outras versões, o filme cumpre a sua principal missão: entreter.
E o filme além dos clichês é…
Adorável Avarento
Esse filme não poderia ser mais além dos clichês. Adorável Avarento retrata o conto de Charles Dickens de uma maneira completamente diferente das outras: através de um musical. A princípio, pode parecer uma ideia um tanto estranha misturar essa obra com um musical, porém, a adaptação não poderia ter resultado melhor. As músicas combinam com o clima natalino e ajudam a narrar à história, além de darem agilidade a ela, porém, não toma toda a narrativa. O filme oscila entre momentos musicais e a narração da história, prendendo a atenção e não cansando o espectador. A atuação de Albert Finney é um dos pontos mais marcantes dessa obra, que recebeu quatro indicações ao Oscar 1971. O ator, que até então tinha 34 anos, conseguiu dar vida com maestria a um senhor de 80. A maquiagem, claro, merece todos os créditos, mas a forma com que Finney o interpretou é emocionante e extremamente real. O ator, aliás, recebeu o prêmio de Melhor Ator no Globo de Ouro do mesmo ano. Uma obra cativante e envolvente, que combina perfeitamente com aquele clima natalino (e também com todos os outros climas do ano).