Por Joyce Pais
Berlin. 1927. Era industrial. Personagem: a cidade. Máquinas, engrenagens, movimento e velocidade caracterizavam uma espécie de celebração à modernidade, ao futuro de progresso que se mostrava próximo, no qual a cidade era a representação máxima de poder e transformação na vida dos indivíduos. Pessoas, trabalhadores e habitantes que de alguma maneira tinham suas vidas relacionadas a ela, sejam os que garantiam o funcionamento e continuidade da máquina no centro da cidade ou os que faziam do campo o movimento migratório para o turbilhão da vida na cidade.
Na composição da obra impressionista foi utilizada uma orquestra de 75 músicos para a execução da sinfonia que, junto à sucessão de imagens visuais, compõem a coreografia do organismo que é a cidade. Do despertar do dia até a madrugada, evidencia-se um fenômeno urbano. “Soldados, bois e trabalhadores marcham por Berlin, seguindo a cadência industrial da partitura”.
A fábrica é retratada com portadora do sentido de civilização, já que nessa estrutura, o trabalho é valor indispensável, rege todas as relações sociais e o convívio diário de operários que são considerados menos importantes do que as máquinas, as quais parecem ser estruturas vivas e principais agentes de funcionamento da metrópole.
Entre edifícios, trilhos e postes, amontoados de pessoas disputam o seu lugar em escadas, túneis, bondes e automóveis, onde representações móveis e concretas transformam a fisionomia da cidade, conferindo-lhe diferentes aparências, humores e estados de espírito. O homem sofre um processo de substituição pela vida mecanizada que nesse momento era exaltada com efusividade.
Você não sabia que…
– O filme pertence ao gênero ‘filme cidade sinfônica’. O musical, que acompanha o filme mudo, foi composto por Edmund Meisel.
– Em 2007, uma versão restaurada do filme foi exibida com a partitura original de Edmund Meisel. A première foi no Berlin’s Friedrichstadtpalast, com o acompanhamento de uma orquestra ao vivo.
Veja o filme: