Por Marília Bacci
Hoje venho falar sobre o filme Barfi!, de 2012. A trama gira em torno de Murphy, um rapaz que nasce com problemas auditivos e como consequência também é mudo. Uma das poucas coisas que ele fala é seu nome, que pronuncia como Barfi.
Os astros do filme são Ranbir Kapoor no papel de Murphy/Barfi, Ileana D’Cruz como Shruti e Priyanka Chopra (que atualmente é a protagonista da série Quantico) no papel de Jhilmil, uma moça autista. Priyanka está irreconhecível no papel, interpretando-o com uma enorme destreza e naturalidade, e eu confesso que me surpreendeu bastante já que não sou fã dos outros trabalhos da atriz. Barfi! envolve temas como integração de deficientes na sociedade e a descoberta de um verdadeiro e improvável amor.
O filme começa com um Barfi já idoso, morando em um asilo, e uma Shruti, igualmente idosa, recebendo uma ligação a respeito de seu antigo amor. Após essa ligação ela parte em uma viagem até o asilo onde está Barfi, e também em uma viagem pela história dos dois, desde o início. Uma das primeiras cenas em que conhecemos Barfi ele está se arrumando para uma foto. Essa cena é muito delicada, não somente pelo estado da personagem como pela iluminação natural empregada, nos transmitindo uma sensação de conforto, quase pitoresca.
Então quando somos apresentados a Shruti e ela segue em sua viagem temos a história contada em flashbacks, que não necessariamente seguem uma ordem cronológica até chegar aos dias atuais do começo do filme. Já começamos uma dessas lembranças com Barfi fugindo da polícia. Uma perseguição digna de um filme hollywoodiano, mas com todo o charme que somente um filme indiano pode nos garantir. Shruti segue então atrás de Barfi, que fora levado pelos policiais para Darjeeling, a fim de ser interrogado pelo sumiço de Jhilmil. E essa é apenas uma das muitas vezes em que a vida dos dois se cruzam.
Assim que Shruti começa a viagem temos uma cena em que a montagem foi extremamente importante. Ela está no carro narrando ao espectador o motivo de sua partida, e fala que só existe uma razão para ela estar fazendo aquilo, que mesmo depois de seis anos casada ela ainda continuava amando Barfi. Assim que diz isso somos levados para dentro de um túnel e quando saímos estamos diante de uma Shruti mais nova, prestes a se encontrar com aquele que iria mudar sua vida
Outros personagens são apresentados, como o pai e o melhor amigo de Barfi, e também como sua mãe faleceu. Em toda a sequência sobre a infância da personagem o que vemos é a predominância do tom sépia, indicando que aquela passagem é uma lembrança e que não será longa como as cenas dos flashbacks.
Quando Barfi conhece Shruti de fato, o dia está chuvoso e isso já nos indica que o casal ali apresentado terá algum tipo de relação afetiva, já que na cultura indiana a água/chuva representa a fertilidade, o início de uma ligação entre as partes.
Em todo o filme o contraste foi diminuído para se adequar ao que os filmes mais se pareciam na época que em se passa, mesmo quando a cena é colorida e vibrante, não há aquela explosão de cores a qual estamos acostumados nas produções bollywoodianas.
Ao voltarmos a época das cenas em que Shruti corre para ajudar seu amado, temos Barfi sendo questionado sobre o paradeiro de Jhilmil, já que ele foi a última pessoa a ser vista com a garota. Barfi conta então sua versão da história, e somos levados da sala de interrogação para a casa da personagem, seis anos atrás, e a como tudo começou. Inclusive como começou a afeição e, mais tarde, o amor entre eles.
Agora eu vou fazer um longo pulo na trama, porque não vou ficar contando tudo pra vocês, senão qual vai ser a graça quando assistirem, não é mesmo? Em uma cena onde Barfi e Jhilmil estão em um casamento, Jhilmil assiste a uma apresentação de dança e fica tão contagiada pela música e o movimento dos dançarinos que se acha dentro da dança. A cena foi muito bem montada, com a personagem sendo iluminada por uma luz central e outras no contraluz, enquanto isso imagens de vários dançarinos estão em volta dela.
Toda a iluminação do filme é a mais natural possível, praticamente rebatida em todos os momentos.
Vou ficando por aqui, pois esse filme é tão diferente do que estamos acostumados que só assistindo pra realmente saber.