Mary Kom nasceu em uma vila pequena e pobre no estado de Manipur, Índia, filha de pais fazendeiros, se interessou por esportes desde cedo. Na adolescência começou a treinar boxe em uma academia, mas de início não teve o apoio do pai, pois ele achava que o esporte causaria danos ao seu rosto, diminuindo suas chances de conseguir um bom casamento.
Em 2005 Mary Kom se casou e continuou treinando e competindo. Teve gêmeos em 2007 e voltou a treinar forte conciliando a maternidade e os treinos puxados para voltar a forma de antes, tudo com o apoio do marido.
Mary conquistou várias medalhas em campeonatos nacionais e internacionais de boxe, incluindo a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 2012, na categoria peso pena do esporte, se tornando a única mulher indiana com medalhas e a primeira a se classificar para os Jogos nessa categoria.
Quem foi escolhida para interpretar Mary Kom na adaptação de sua vida para as telonas foi Priyanka Chopra. No começo, ela e os autores do projeto receberam muitas críticas sobre essa escolha, pois ela interpretaria alguém do nordeste do país, onde as pessoas têm traços mais mongóis. Os produtores justificaram a seleção de Chopra ter mais alcance entre os espectadores, e foi endossada pela própria Mary Kom.
O filme autointitulado é de 2014, e é a primeira obra de Omung Kumar na direção, já tendo trabalhado em grandes filmes, como Ishq Vishk e Saawariya. O filme foca em seu desenvolvimento até ser boxeadora, e toca em pontos como é difícil ser mulher em um esporte majoritariamente masculino, bem como sua volta após a maternidade. Porém, poderia ter ido além desses pontos que já conhecemos pelas manchetes dos jornais, mostrando mais as dificuldades de uma atleta de alto rendimento para conciliar família e carreira, duas rotinas que já são exaustivas sozinhas.
Essa questão é muito conhecida de todos que acompanham esportes. Mulheres são por muitas vezes obrigadas a postergar ou esconder gravidezes para não perderem patrocínios, por exemplo. Ficou muito famoso o caso da corredora Allyson Felix, que teve seu contrato com a Nike cortado a 70% do valor normal após ela ter tido sua filha. Muitas vezes elas têm mais títulos e conquistas que os homens, mas não são reconhecidas e recompensadas por isso, pois escolheram também ter uma família.
Chopra se destaca como Mary Kom e dá para ver como ela se entregou ao papel, treinando pesado para representar o esporte sem parecer apenas uma atriz. Ela protagonizar as cenas de luta também, sem dublês, contra lutadores profissionais do esporte, foi uma escolha dos produtores para dar mais veracidade às cenas.
Mary Kom se tornou o primeiro filme indiano a ser exibido na noite de abertura do Festival de Cinema de Toronto, no ano de lançamento. Sem números musicais clássicos de Bollywood, as canções são inseridas como forma de passagem de tempo para a personagem, e como inspiração para os espectadores.
Você não irá desperdiçar o seu tempo assistindo ao filme, mas algumas questões, como as citadas acima, poderiam ser melhor trabalhadas para trazer mais discussão a uma sociedade que ainda é muito machista.
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