Os russos nunca dormiram em serviço. Pense no Suprematismo de Malevitch, o Construtivismo propagandístico soviético e o Efeito Kuleshov. São provas que artistas de diferentes linhas se preocuparam em pesquisar os limites da constituição exata na arte. Muito além da narrativa fluida experimentada por Hollywood, estavam as investidas artístico-científicas da escola soviética de cinema.

Na América, Griffith se preocupava em cunhar uma gramática que confortasse o espectador. O intuito era concentrá-lo na narrativa do filme sem se preocupar com os recursos que a ela levariam. Enquanto isso, por volta de 1921, na Rússia, Lev Kuleshov aperfeiçoava um experimento. O estudo passaria para a história do cinema como a fórmula do espectador reativo ou Efeito Kuleshov.

O Efeito Kuleshov

Lev registrou um plano próximo de um famoso ator teatral da Rússia e pediu que ele fizesse a expressão mais neutra possível. Com esta imagem, Kuleshov intercalou as cenas de um prato de sopa, uma criança morta e uma moça insinuando-se sobre um divã.

Ao projetar a montagem, verificou-se que a audiência, leiga, foi unânime em saudar a capacidade daquele ator para expressar emoções. Identificaram nele fome, tristeza e desejo, apenas pela associação de planos distintos entre si.

A partir daí, vemos nascer a “montagem dialética”, ou “intelectual”, como denominou Sergei Eisenstein. “Dialética” porque provava a eficácia de um efeito de sentido que um plano transmite, quando relacionado a outro que o precede. Assim como a necessidade de um plano oposto ou análogo que anteceda outro para um entendimento completo de uma ação cinematográfica. “Intelectual” porque exige do espectador a capacidade de chegar a um entendimento a partir de um dado abstrato, que é a alma por trás do recurso.

O estudo a respeito do Efeito Kuleshov e dos recursos da montagem cintematográfica são vastos. O cinema como o conhecemos deve muito às descobertas soviéticas. Ainda que, a partir dos anos 1930, o regime stalinista tenha sequestrado a ourivesaria do cinema para fins pouco ortodoxos. Ou, talvez, ortodoxos demais…

O recurso da montagem é abordado no curso de Introdução à Linguagem Cinematográfica, ministrado pelo professor Donny Correia. Mais informações no link abaixo.

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