Por Aline Fernanda

No final dos anos 50 e começo dos 60 uma nova onda tomava o mundo: a batalha entre “velho e novo”. A Novelle Vague surgiu na França quando jovens críticos da conceituada revista Cahiers du Cinéma decidiram combater o até então aclamado “cinema du papa” com seus próprios filmes. Entre 1959 – 1960 estrearam como diretores Jean-Luc Godard (Acossado), François Truffaut (Os Incompreendidos), Alain Resnais (Hiroshima, meu amor), Eric Rohmer (O Signo do Leão), Jaques Rivette (Paris nos Pertence) e Claude Chabrol (Nas garras do Vício), numa reação em massa contra o cinema francês à moda antiga, das comédias boudoir e das estéreis adaptações de clássicos apoiados em estrelas.

Apesar dos novos diretores diferirem em suas abordagens e sensibilidade, ainda existia alguns elementos em comum como o tratamento irreverente e não sentimental de personagens, roteiros episódicos e narrativa desconstruída, uso de câmera portáteis e equipamento leve, filmagem em locações evitando estúdios, cortes bruscos, com dispensa de planos de contextualização. Edição elíptica, com a ideia de chamar atenção para a relação entre imagens e o próprio meio, experimentação como o espaço e o tempo fílmicos, citações literárias e a filmes, auto reflexão, postura existencial diante da sociedade e do comportamento humano.

O interesse em questionar o cinema era refletido no fazer de seus filmes, ao desafiar as convenções. Os diretores da Nouvelle Vague deram uma nova alternativa à Hollywood. Ao mesmo tempo em que quebravam paradigmas pagavam tributo ao melhor do cinema americano. Apesar dos filmes representarem uma revolução e serem pensados para um público jovem e intelectualizado, muitos deles conquistaram um grande público e admiradores incondicionais de sua arte, dentro e fora da França.

Reino Unido e Japão são os países onde mais se destaca a onda da Nouvelle Vague. Além desses países, na União Soviética, no período de uma breve recessão, a escola deu abertura para novas produções com temas contemporâneos, usando atores amadores, roteiros mínimos e técnicas de cinema vérité (cinema de verdade). O diretor Milos Forman surgiu neste contexto. Além disso, o movimento serviu para abrir portas para o cinema independente americano.

Aqui no Brasil temos reflexos desse movimento no grupo chamado Cinema Novo liderado por Glauber Rocha, que demonstrou espirito audaz e revolucionário na tentativa de criar uma cinematografia própria e livre de influências norte-americanas. Depois de 1968, os elementos experimentais da Nouvelle Vague francesa começaram a ser assimilados pelo cinema mainstream.

Entre os dias 05 e 08 deste mês, o MIS (Museu da Imagem e Som) apresenta uma Mostra em homenagem a esse período tão rico do cinema e destaca alguns dos seus expoentes, confira nossas críticas:

Acossado

Beijos Proibidos

Hiroshima, Meu Amor

O Demônio das Onze Horas

Os Incompreendidos