Falamos tanto aqui em músicas que embalam filmes e eternizam em nossas mentes momentos únicos do cinema. A dancinha de Vincent Vega e Mia Wallace, em Pulp Fiction. Ou a versão intimista de Wayfaring Stranger, na voz de Elise em Alabama Monroe. Ou Gene Kelly rodopiando ao som de Singing in the Rain. E se a gente imaginasse uma história sendo contada através de músicas. Hum! Talvez já tenhamos visto algo desse tipo. Mas, a experiência de ver Bruce Springsteen em Springsteen on Broadway é algo marcante pra quem é fissurado em música. E em cinema. E, é claro, em emoção.
As músicas dizem muito por si só. Essa ordem aqui já conta uma história antes mesmo de você dar o play:
Growin’ Up
My Hometown
My Father’s House
The Wish
Thunder Road
The Promised Land
Born in the U.S.A.
Tenth Avenue Freeze-Out
Tougher Than the Rest
Brilliant Disguise
Long Time Comin
The Ghost of Tom Joad
The Rising
Dancing in the Dark
Land of Hope and Dreams
Born to Run
E o melhor de tudo é ouvir todas esses sons nesse contexto: um palco escuro, piano, gaita, um violão e uma voz. Tudo reunido pra contar uma vida. Nesse espetáculo o cinema vem da música e é construído na nossa cabeça a partir das canções e das histórias contadas por Bruce. É a primeira vez que aqui na Trilhando falamos de algo assim. Não é só a trilha de um filme. É bem mais que isso.
É cinema. É História. Com h maiúsculo ou minúsculo. De Bruce Springsteen. Dos Estados Unidos da América. De Nova Jérsei. De uma lenda da música. De uma família. De um garoto que no momento importantíssimo da passagem da infância pra adolescência – onde um grande sonho vira realidade – ao invés da bike, do videogame, se encontra com seu primeiro violão. E suas brincadeiras com os amigos tem um sabor diferente, das aulas de música, do sonho de rockstar, do encontro consigo mesmo.
Botar os fones nos ouvidos e sair por aí cantarolando a trilha é mergulhar nessa história. Nesse caminho, nesse roteiro emocionante. É reviver com Bruce os sonhos e frustrações de criança. A glória e as dificuldades que vêm junto com a vida de rockstar. As responsabilidades que você passa a carregar quando você não é apenas mais um. Quando você precisa encarar 80 mil pessoas esperando pra se divertir e sentir a energia da sua banda ao vivo. Quando é você que comanda a festa. Quando você é o maestro.
Não é só sobre música. É um road movie, cantado e contado. É uma coleção de belas canções executadas de forma crua. Ali, na ponta do dedo e na boca de quem entende ou de quem está acostumado a sentir o calor de uma plateia gigantesca ensandecida. Alguém que também tem a capacidade de subir num palco pequeno, pra poucas pessoas à sua frente e milhões a sua volta, espalhadas pelo mundo. Como outras lendas da música, conheci Bruce Springsteen ouvindo suas músicas em versões de outros artistas. O Rage Against the Machine, uma das minhas bandas preferidas, transformou a já incrível The Ghost of Tom Joad em uma pedrada, com uns riffs que não saem da cabeça.
Talvez esse post pudesse se chamar: Bruce e as mesmas canções de sempre, de uma forma que você nunca ouviu. Mas não, não são as mesmas músicas de sempre e nem é só sobre música. Vou ficar batendo na mesma tecla (tecla é uma palavra que nem se usa mais:) até você dar o play e embarcar nessa viagem com Bruce Springsteen.
Ah, tem no Spotify e na Netiflix. Veja, ouça, curta e compartilhe sem moderação.
Até a próxima!