Por Guilherme Franco

Em meio ao bege da direção de arte, os únicos elementos que se destacam são o cachecol e vestimenta de Michel Racine (Fabrice Luchini) e a de uma singular mulher. O drama francês é construído em cima da vida do juiz, conhecido como o durão pela cidade, como visto na fala de um morador, “com ele você pega uns 10 anos e prisão”. Ele comanda os casos da corte com profissionalismo, uma frieza simpática e um tanto excêntrica. Um senhor velho, rabugento e triste em meio a uma cidade do interior.

O personagem de Fabrice Luchini se coloca como uma pessoa da qual ninguém gosta, mas é respeitado. Com o decorrer do filme e a chegada de Ditte Lorensen-Cotteret (Sidse Babett Knudsen), o foco sai do tribunal e se intercala com cenas que exploram a relação ente Michel e Ditte. Como se a trama fosse conduzida pelos sentimentos de Michel, a história que até o momento era a principal, de um pai acusado de matar a filha, vai sendo esquecida e gradualmente os encontros da dupla são alongados temporariamente.

Um suspense policial que almeja, também, ser um drama romântico. Fica-se com a sensação de que, a qualquer momento, um personagem específico será revelado como o culpado ou algo importante para a narrativa será apontado. Detalhes característicos como olhares sérios e preocupados, outros desconfiados, expressões simples, que ajudariam a definir traços de algumas personalidades, foram bem construídos na história, mas essa linha narrativa vai sendo cada vez menos desenvolvida. O que foi trabalhado para ser o principal acaba virando o coadjuvante e o julgamento termina de forma corrida, com pouquíssimo tempo narrativo. Como manda nas pessoas e coordena o tribunal, o filme focaliza o provável romance na esperança de nosso protagonista terminar com um final feliz.

A fotografia fria casa com o temperamento do juiz, e também a direção de arte trabalha, como tudo no longa, para o possível romance entre Michel e Ditte. A imagem algumas horas parece com um minúsculo tremido, um artificio estético para a pequena originalidade visual do filme. A Corte também contém algumas discussões que podemos enxergar como uma breve aula de retórica, argumentando e contra-argumentando para amores e mortes. E tudo se resume nos pequenos atos que podem representar o amor, seja uma pequena conversa, o toque de uma mão ou o afeto familiar.

A CorteA Corte (L’hermine)

Ano: 2015

Direção: Christian Vincent

Roteiro: Christian Vincent

Elenco principal: Fabrice Luchini, Sidse Babett Knudsen, Eva Lallier

Gênero: Drama

Nacionalidade: França

 

 

Veja o trailer:

Galeria de Fotos: