Por Felipe Teixeira
Filme mais assistido de 2013 em Portugal, ficando a frente de blockbusters como Velozes e Furiosos 6 e Homem de Ferro 3, A Gaiola Dourada também tem tudo para agradar aos brasileiros graças a autenticidade de seus personagens e sua equilibrada mistura de humor e drama. O sucesso do filme, escrito e dirigido pelo francês Ruben Alves, que estreia na direção, é pautado por sua trama simples e de poucas surpresas, mas extremamente honesta e identificável para os milhões de espectadores de diversas localidades.
Assim como os pais do diretor Ruben Alves, a quem ele dedicou o filme, o casal fictício José e Maria Ribeiro são portugueses que imigraram para a França e lá construíram uma grande família e uma respeitada reputação. Com poucos luxos em casa, José é um experiente operário, enquanto sua esposa trabalha como zeladora do condomínio. Quando o irmão de José morre e deixa uma herança milionária para o casal, a família Ribeiro precisa enfrentar um dilema: abandonar tudo o que lutaram para construir em anos de trabalho ou voltar para Portugal e começar uma nova (e mais cômoda) vida.
Grande parte do humor de A Gaiola Dourada reside nas variadas tentativas dos personagens em tentar impedir a partida dos Ribeiros, de forma proposital ou não. Enquanto a irmã de Maria inventa doenças que requer atenção da família, o chefe de Joaquim incentiva um relacionamento amoroso entre seu filho e a filha de seu mais valioso empregado. Sem saber da herança, a síndica do condomínio onde Maria trabalha também faz um grande esforço para mantê-la como funcionária. Assim, tudo acaba conspirando para que o casal protagonista não retorne ao saudoso país em que nasceram e realizem um sonho antigo.
Com o intuito de cativar o público, o diretor Ruben escolheu a dedo os atores que fariam parte do elenco. Pouco conhecidos aqui no Brasil, mas famosos em Portugal e em outros países europeus, o grande destaque são os protagonistas (também portugueses) Joaquim de Almeida (Velozes e Furiosos 5) e Rita Blanco (Amor). Além de conferir peso ao nome do filme, a dupla, apesar da fama internacional, atua sem exageros ou maneirismos, gerando uma maior identificação com os espectadores, que certamente reconhecerão na dupla um autêntico “casal português”. Maria Viera, atriz portuguesa que já participou de novelas brasileiras como Negócio da China e Aquele Beijo, é a (onipresente) empregada-fofoqueira-conselheira-brincalhona, mas também apresenta uma personagem divertida graças à sua boa atuação.
E falando em produções nacionais, as semelhanças entre A Gaiola Dourada e atrações brasileiras como A Grande Família e novelas não são poucas, e vão desde os personagens (como a empregada doméstica) até o humor por meio de fofocas e as exaltadas brigas entre parentes. Em uma das melhores sequências do longa-metragem, quando Joaquim e Maria recebem a família de seu futuro cunhado para um jantar, as diferenças sociais, históricas e até mesmo culinárias entre as famílias são expostas, gerando um tipo de humor com o qual o público nacional já é familiarizado. Os trocadilhos feitos por uma das personagens com acontecimentos históricos de Portugal são particularmente bem engraçados.
Divertido e remetente a um tema familiar a muitas pessoas, A Gaiola Dourada é uma estreia segura do diretor Ruben Alves. Ao lado de seu competente diretor de fotografia, André Szankowski, e do resto de sua equipe, Ruben dosa o drama e a comédia na medida certa e entrega um longa-metragem que faz justiça ao seu sucesso.
A Gaiola Dourada (La Cage dorée)
Ano: 2013
Diretor: Ruben Alves
Roteiro: Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud, Chantal Lauby, Lannick Gautry.
Elenco Principal:
Gênero: comédia.
Nacionalidade: Portugal/França
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