Por Luciana Ramos

O novo filme do diretor canadense Atom Egoyan (Chloe – O Preço da Traição) propõe-se a tecer uma complexa rede emocional daqueles diretamente afetados pelo sequestro de uma criança. Para tal fim, os eventos são mostrados em desacordo com a linearidade dos fatos.

Assim, o longa começa apresentando o rosto de Mika (Kevin Durand), que observa a sua presa Cassandra (Alexia Fast), uma jovem adolescente de dezesseis anos, observar uma mulher limpando um quarto de hotel em uma televisão. Trata-se da sua mãe, Tina (Mireille Enos), uma camareira involuntariamente submetida a jogos mentais propostos pelo sequestrador, que a deixam em um constante estado de desespero absoluto.

Do outro lado, há Matthew (Ryan Reynolds), o pai, que se culpa pelo fato de sua filha ter desaparecido diante dos seus olhos em uma lanchonete aos oito anos de idade. O seu carro permanece uma espécie de mausoléu intocável em homenagem à Cassandra e a sua obstinação em encontrá-la por conta própria ganha reforços da desconfiança que os agentes Nicole (Rosario Dawson) e Jeffrey (Scott Speedman) possuem da sua conduta.

A partir da interação desses personagens complexos e frustrados, o apelo emocional do filme é construído na mesma medida em que a cronologia dos eventos torna-se claramente detalhada. Tivesse restringido o seu foco de abordagem à essa linha narrativa, este poderia ter sido um bom filme.

No entanto, o diretor e também roteirista Atom Egoyan buscou pretensiosamente rechear a sua trama com reviravoltas apelativas e, em mais de uma ocasião, estúpidas, comprometendo assim a qualidade da sua obra como um todo.

Nessa derrapada incluem-se a estranha conduta da jovem Cassandra, que mostra nas telas um nível de Síndrome de Estocolmo poucas vezes visto nos cinemas, toda a conduta de Matthew a partir do meio do filme, a subtrama absolutamente desnecessária envolvendo a detetive Nicole e, como se não bastasse, a rede de aliciamento de crianças como um todo. Para encerrar, há o desfecho que não consegue superar os clichês dos filmes ruins de suspense.

Nem mesmo os esforços das excelentes atuações de Ryan Reynolds, Rosario Dawson e Scott Speedman conseguem salvar o longa de afundar miseravelmente em suas pretensões intelectuais. A falta de concisão narrativa e humildade tornaram À Procura uma obra rasa e absolutamente desnecessária.

THE CAPTIVE Poster Cinema 1a.inddÀ Procura (The Captive)

Ano: 2014

Diretor: Atom Egoyan

Roteiro: Atom Egoyan, David Fraser

Elenco Principal: Ryan Reynolds, Rosario Dawnson, Scott Speedman, Mireille Enos

Gênero: suspense, drama

Nacionalidade: Canadá

 

 

 

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