Por Luciana Ramos
Maria Enders (Juliette Binoche) é uma atriz consagrada que, frente à morte do seu mentor, decide reencenar a peça que a deixou famosa. Na primeira versão, há vinte anos, ela interpretou Sigrid, uma jovem sedutora que conduz a sua chefe Helena ao suicídio. Agora, Maria vê-se do outro lado, encarnando a mulher que entra numa espiral de desespero ao apaixonar-se.
A atriz segue com a sua assistente (Kristen Stewart) para ensaiar a peça em Sils Maria, região remota dos Alpes, mas permanece relutante em relação ao papel. Entregando-se à personagem Helena, Maria descobre ter firmado sua persona artística muito baseado nas características de Sigrid. Por conta disso, entra em crise.
Nesse momento, ficção e realidade começam a se misturar, não só no sofrimento de Maria em ver muito de si em uma personagem que abominou durante tanto tempo como também pelo fato de a sua relação com a assistente tornar-se cada vez mais dúbia, levando a um embate entre as duas.
O filme desdobra-se em meio a tais questionamentos, pautando a sua tensão nos diálogos. Lento, gradual e introspectivo, Acima das Nuvens é uma obra com um quê de Ingman Bergman que, através dos questionamentos existenciais da sua protagonista, propõe um olhar sensível sobre a construção psicológica de um ator, ao mesmo tempo que dialoga com cultura popular atual e o cinema em tal conjuntura. Um longa interessante e complexo, ainda assim fluido, que vale a pena ser assistido.
*Crítica publicada originalmente como parte da cobertura da 38° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Acima das Nuvens (Clouds of Sils Maria)
Ano: 2014
Diretor: Olivier Assayas
Roteiro: Olivier Assayas
Elenco Principal: Juliette Binoche, Kristen Stewart, Chlöe Grace Moretz.
Gênero: drama
Nacionalidade: França, Suíça, Alemanha.
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