Por Fausto Fernandes

Adaptar um livro para o cinema não é tarefa fácil, a expectativa fica nas alturas e a chance de decepção é grande. Em 1976, estreou Carrie – a estranha, baseado no primeiro best-seller de Stephen King (publicado 2 anos antes, diga-se de passagem), dirigido por Brian de Palma. O filme foi um grande sucesso e se tornou um clássico do terror.

Impossível não sentir calafrios ao lembrar do fatídico baile de formatura e o olhar fulminante da jovem Sissy Spacek. Pois bem, quase 40 anos depois resolveram refilmar a trama, a fim de modernizá-la (o que eu entendo pela falta de arrojo por parte das grandes produtoras em se aventurar em novas histórias).

O filme narra a trajetória de Carrie White, uma adolescente que, controlada pela mãe, não consegue se relacionar com outras pessoas na escola e é alvo constante de ‘zoação’ pelos outros alunos. Após ser humilhada, ao ter um ataque de pânico por menstruar pela primeira vez, descobre ser capaz de mover objetos com a mente. Posteriormente é convidada a ir ao baile de formatura. Na busca por ser uma garota normal e aceita por todos, ela contraria a mãe. Lá, é eleita rainha do baile e é alvo de mais uma armação. Dessa vez, libera sua fúria telecinética contra todos os presentes.

 Chloë Grace Moretz (Kick Ass 1 e 2,  2010 e 2013, respectivamente) dá vida a personagem-título, e por motivo de falta de empatia (criei certa implicância com a atriz desde Sombras da Noite, 2012, de Tim Burton) não me convenceu como a reprimida personagem. Quem se destacou mesmo foi a ótima Julianne Moore (Don Jon, 2013), que interpreta a mãe conservadora e religiosa Margaret White. Todas suas cenas elevam o nível de tensão e a carga dramática.

O filme começa bem, vemos o nascimento peculiar e aterrorizante da protagonista. Ao cortar bruscamente para a época “atual”, não sabia se estava vendo um filme adolescente ou um terror. Sem muita ousadia na realização do projeto, percebi que a diretora Kimberly Peirce (do elogiado Meninos Não Choram, 1999), tentou se diferenciar com os inúmeros efeitos especiais e não com o enredo em si.

Chegada a hora da tão cultuada cena do baile, fica evidente a preocupação em chocar com os efeitos. Não senti o arrepio na espinha como no filme original, apenas comprovei a tentativa de provocar o terror com a exposição do sangue (algo como na franquia Jogos Mortais, só que menos evidente).

Ao terminar o filme, pensei em como a grande corporação cinematográfica pensa que com o avanço das tecnologias se sente no direito de refazer algo que foi muito bem executado no passado pelo simples fato da facilidade na reprodução. Esse novo “Carrie” é desnecessário e longe de ser marcante. A obra de Palma, esta sim, é que proporcionará terríveis pesadelos por muitos e muitos anos.

Cinemascope-carrie-a-estranhaCarrie, a estranha (Carrie)

Ano: 2013

Diretor: Kimberly Pierce.

Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa

Elenco Principal: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Katharine McPhee.

Gênero: Horror.

Nacionalidade:  EUA.

 

 

 

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