Por Luciana Ramos
Depois de dirigir blockbusters como a trilogia Homem de Ferro, Jon Favreau retorna ao papel de ator em um projeto pessoal que concilia drama pessoal, comédia e boas doses de suculenta comida.
O filme, escrito e dirigido por ele, conta a historia do chef de cozinha Carl Casper (Jon Favreau) que, embora apaixonado pelo seu trabalho, sente-se frustrado por ter sua imaginação podada no ambiente de trabalho, controlado por Riva (Dustin Hoffman). Possui ainda uma relação complexa com sua ex-mulher Inez (Sofía Vergara) e parece incapaz de dar a atenção merecida ao filho Percy (Emjay Anthony).
Após ser severamente criticado pela falta de imaginação dos seus pratos, resolve descontar sua raiva nas mídias sociais (sem saber ao certo o seu poder) e põe o seu futuro em risco. Sem perspectivas, decide ouvir os conselhos de Inez e buscar a sua redenção servindo comida cubana em um food truck (trailers modificados que servem comidas rápidas)chamado El Jefe, auxiliado pelo amigo cozinheiro Martin (John Leguizamo).
Trata-se da jornada pessoal de um homem que aproveita a crise generalizada instalada na sua vida para redescobrir os seus talentos como chef e pai. Como tal, apresenta-se de maneira um tanto previsível, mas nem por isso revela-se um filme mediano. Pelo contrário. Chef é um excelente divertimento por ser pautado em um personagem forte e facilmente identificável e aliar boas doses de ironia a cenas mais emotivas.
Além disso, como não poderia deixar de ser, oferece aos espectadores cenas do mais espetacular food porn. Planos fechados mostram o preparo de todos os pratos referidos na trama, embalados jazz fusion e ritmos latinos. Um outro atrativo relaciona-se ao uso de um food truck como força motriz da sua renovação tanto profissional quanto pessoal. Recém-chegados ao Brasil, essa nova forma de experimentar boa comida oferece possibilidades dinâmicas à construção visual e poupa o longa de um possível marasmo.
Assim, o filme começa escuro e com planos fechados e expande suas cores e movimentação à medida em que Carl reganha a sua alegria de viver. Em determinado ponto, amarelos e azuis vibrantes saltam a tela em meio a panorâmicas das estradas percorridas e cidades visitadas. Com trabalho preciso, Jon Favreau reafirma, assim, o seu múltiplo talento em uma história enxuta, bem narrada e interessante.
Ademais, a escolha dos atores não poderia ser melhor. A vitalidade de John Leguizamo, compaixão de Sofia Vergara (explorando uma faceta destoante da sexy latina de costume), a persona exuberante de Robert Downey Jr. e o apelo sexual de Scarlett Johansson misturam-se à credibilidade imprimida por Dustin Hoffman e Oliver Platt em papéis mais antipáticos, resultando assim em um filme harmonioso composto por personagens bem delineados.
Porém, ainda que seja bem amarrado em toda a evolução da estória, o uso de tecnologia como impulso tanto para o conflito quanto para a resolução do mesmo pode transformar Chef em um longa datado em pouco tempo, assim que o Twitter seja suplantado por outras mídias sociais. Esse, no entanto, é um problema que o longa possa vir enfrentar no futuro mas que em nada tira o seu apelo comercial em tempos atuais.
Chef é um ótimo e despretensioso divertimento, atraente tanto pelas maravilhosas cenas envolvendo o preparo de suculentas carnes e sanduíches cubanos como pela forma como a jornada do herói, um chef de cozinha sem inspiração, se desenvolve. Ainda que seja previsível (em especial os seus últimos minutos), vale a pena ser visto por ser um daqueles filmes que elevam o astral de qualquer espectador, especialmente os fãs de boa comida.
Ano: 2014
Diretor: Jon Favreau
Roteiro: Jon Favreau
Elenco Principal: Jon Favreau, Sofia Vergara, Emjay Anthony, John Leguizamo, Scarlett Johansson, Dustin Hoffman, Robert Downey Jr., Bobby Cannavale.
Gênero: comédia, drama
Nacionalidade: EUA
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