Por Lucas Nascimento
Quando comecei a me inteirar sobre o material temático de Círculo de Fogo, que prometia batalhas homéricas entre monstros colossais e robôs igualmente colossais, não pude evitar de temer pelo que julgava ser este filme. No entanto, nunca posso me dar ao erro de esquecer quem é o artista por trás das câmeras: Guillermo Del Toro.
A trama parte de um roteiro original de Travis Beacham e do próprio Del Toro, mas com clara inspiração na cultura japonesa de monstros gigantes (o termo “Kaiju” é utilizado com frequência), onde a Terra encontra-se em constante ataque de criaturas que emergem de uma fenda no oceano pacífico (região real que atende pelo tal do Círculo, ou Anel, de Fogo do título, que no original é Pacific Rim) e que necessitam de poderosos robôs gigantes operados por humanos para defender as grandes cidades.
Em outras palavras, ROBÔS GIGANTES ARREBENTANDO MONSTROS GIGANTES. E só o uso do caps lock para ajudar a ilustrar a grandeza visual que é Círculo de Fogo. Todas as cenas de ação impressionam pela escala e o cuidado em retratar as gigantes armaduras de forma a ilustrar o peso destas (ao contrário daqueles vistos em Transformers, aqui os robôs têm seus movimentos muito mais demorados) e também a diversidade em seu visual. Depois de O Labirinto do Fauno e Hellboy II – O Exército Dourado, não achava que Del Toro continuaria impressionando com sua imensa criatividade ao elaborar distintas criaturas: seja no design dos Jeigers ou dos detalhadíssimos Kaijus, a equipe de direção de arte do diretor acertou em cheio.
E da mesma forma que os efeitos visuais da ILM dão vida com maestria a todos esses elementos, o roteiro de Beacham e Del Toro é hábil ao criar um mundo afetado pela presença destes. Um dos mais memoráveis exemplos no Hannibal Chau de Ron Perlman, um excêntrico comerciante de “partes” de Kaijus em um mercado negro, personagem que certamente foi tão divertido para a dupla escrever como foi para o ator interpretá-lo. Infelizmente, o personagem de Perlman é a única figura memorável do filme, já que todos os outros não passam de criaturas estereotipadas e arquétipos; algo que é bom quando diverte (vide os cientistas “malucos” vividos por Charlie Day e Burn Gorman), mas que aborrece quando somos forçados a engolir clichês do tipo “o parente próximo que morreu” ou, deus me livre, o de “relação problemática com o pai”. Além disso, o que dizer da Mako Mori da fofíssima Rinko Kikuchi, que apresenta nociva dificuldade em controlar um dos robôs com sua mente (até colocando em risco as vidas de todos os seus colegas em sua primeira experiência), mas que o roteiro a soluciona ao simplesmente trazer um dos personagens dizendo que “A primeira vez é sempre difícil”?
Mas mesmo com diversos problemas de roteiro, Círculo de Fogo diverte graças ao tom adotado pelo cineasta: a de que tudo isto é uma brincadeira com as produções de monstros gigantes tão populares no Japão.
Obs: Assista ao filme na maior tela possível. O 3D não é nada mal.
Obs II: Há uma hilária cena durante os créditos finais.
Ano: 2013.
Diretor: Guillermo Del Toro.
Roteiro: Travis Beacham e Guillermo Del Toro.
Elenco Principal: Charlie Hunnman, Diego Klattenhoff, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day, Burn Gorman, Ron Perlman.
Gênero: Ficção Científica
Nacionalidade: EUA
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