Enquanto assistia a Como Treinar Seu Dragão 3 (2019), fiquei pensando por que criaturas como dragões e dinossauros exercem tanto encantamento em nós. Lembro até hoje a primeira vez em que assisti a Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993) e fiquei boquiaberto no nível de ficar encarando a tela com os créditos subindo depois do fim do filme. Acredito que nem foi pelos dinossauros em si, mas por como eles conseguiram colocar tanta realidade num filme só. Em questão de criaturas místicas, sempre fui mais do “lado dragão da força”. Lembro de pirar em filmes como Reino de Fogo (2002) e Coração de Dragão (1996) só pelo fato de ter dragões. Não sei se vendo hoje acharia esses filmes tão bons assim.

O mundo de Como Treinar Seu Dragão acabou sendo uma grata surpresa. Não colocava muita fé, ainda mais que assisti quando estava viciado no universo Pixar. Acabou me surpreendendo e entrando para a lista de animações que “não são da Pixar, mas são tão boas quanto”. Agora, mesmo sendo a terceira parte da jornada do jovem Soluço (Jay Baruchel), o filme não perde o fôlego e a inventividade. Assim como nos dois primeiros, a receita sai muito bem temperada ao misturar a mística viking e dragões com uma sensibilidade que transforma criaturas ameaçadoras animais de estimação. Temos, mais uma vez, a dose perfeita entre fofura e agressividade.

O que pega aqui é, principalmente, o apego à evolução dos personagens ao longo de suas trajetórias. Mesmo sendo um universo, como eu disse anteriormente, que cresceu meio que às margens de outras animações como as do mundo Disney/Pixar, me surpreendi ficando emocionado em algumas partes. Se trata de um personagem que a gente se apega por toda a sua trajetória e passa a ficar realmente preocupado com o que possa ocorrer com ele. Aqui, o filme parece nos mostrar o fundo da alma de Soluço e sua busca por continuar o legado do seu pai como líder de seu povo. A eficiência do rapaz é posta em xeque a todo momento.

O principal vilão de Soluço, na verdade, não é o caçador Grimmel  (F. Murray Abraham) que quer colocar as mãos no seu Banguela, mas o desafio de se tornar um adulto. E, para piorar, ele é um rei e, como tal, suas decisões implicam na vida de todo um povoado. Aliás, acho que é esse é o ponto que mais nos aproxima dele. Derrotar, ou conviver, com o famoso monstro chamado “vida adulta”.

Quanto a questões técnicas, não acredito ser necessária qualquer ressalva. Acho que essas produções já estão mais do que bem desenvolvidas. Além disso, a mensagem do filme é o que mais se sobressai, e isso é ótimo. Mostra que o longa te captura de tal forma que o como foi produzido é apenas um detalhe.

Diversas vezes me peguei com o coração na mão, temendo pela vida de dragões e vikings. Foi um fechamento de trilogia quase tão perfeito quanto o de Toy Story 3 (2010). Mas acho que fiquei mais desidratado na terceira parte das aventuras dos brinquedos do que dos escamosos. Inclusive, estou preocupado com o novo capítulo de Toy Story, que chega aos cinemas também esse ano. Como treinar seu Dragão 3, no entanto, não pareceu indicar novas partes e nem gostaria que tivesse. Porém, melhor não acreditar em filmes que tem “o fim” no título ou sinalizam ser o término de uma jornada.

Como Treinar seu Dragão 3

 

Ano: 2019
Direção: Dean DeBlois
Roteiro: Dean DeBlois, Cressida Cowell
Elenco principal: Gerard Butler, Cate Blanchett, Jonah Hill, Kit Harington
Gênero: ​Animação, Ação, Aventura
Nacionalidade: Estados Unidos

Avaliação Geral: