Budapeste, 1913. Temos o retrato feminino de uma grande mulher em uma sociedade conservadora. Desde o começo somos instigados a um grande mistério de uma garota que trás o sobrenome de uma família em que não temos especificados todos os conflitos que aconteceram, mas sabemos de sua grande habilidade em fazer chapéus. O primeiro desafio na história é conseguir entrar na fábrica mais famosa de chapéus que originalmente era de sua família.
Ao longo da narrativa, inúmeros obstáculos são colocados à frente de Írisz, tudo sempre relacionado à “herança” de sua família, que não necessariamente é dinheiro. Sempre persistente, um dos grandes destaques do filme é a atuação da protagonista, seu olhar é contagiante e prende quem assiste na tela, seus olhos contam uma história, dão pistas, criam um universo de intimidade entre quem assiste o filme e a atriz.
Entardecer é um “filme de época”, que traz com discrição a questão do feminismo e a luta de uma mulher com ações a frente do seu tempo. Em meio a grandes e importantes momentos da história mundial – como o Holocausto e a pré-Primeira Guerra Mundial – a câmera ajuda a fortalecer a grande voz da protagonista, que assim como em O Filho de Saul, é uma extensão da atriz que dá grande força à personagem. Mas dessa vez, contribuindo para um ar de mistério e intrigas em um filme que tem seu ritmo e não tem pressa de entregar tudo logo de cara ao espectador.
“O Horror do mundo se esconde debaixo das coisas mais belas. ” (passante na rua diz à Írisz)