Barnaby Southcombe estreia como diretor de longas num suspense psicológico que flerta bastante com o estilo noir. Eu, Anna, porém, tem ponto forte não na revelação de Southcombe, mas principalmente na participação de sua mãe, a atriz veterana Charlotte Rampling.
Com roteiro adaptado pelo próprio diretor a partir do livro homônimo de Elsa Lewin, o filme se passa numa Londres atual onde se realçam tons sombrios, onde silêncios duradouros são cortados por sons pesados. Trilha sonora e fotografia caminham bem juntas num filme que exige clima de tensão.
Anna Welles (Charlotte Rampling) é o ponto de vista da história. Ela luta para reerguer a vida após se divorciar. Frequenta eventos para solteiros e mesmo na meia-idade desperta muito interesse entre os homens. Entre eles, o detetive Bernie (Gabriel Byrne) passa a nutrir forte obsessão por Anna desde que a vê por acaso na rua enquanto investiga um assassinato.
A atmosfera noir se insere por meio de muitos elementos. Anna é uma espécie de mulher fatal que interfere nas decisões de Bernie. O detetive não reluta em flexibilizar sua moral em nome da aproximação a todo custo com ela. O uso de flashbacks é fundamental para a enigmática Anna — que por vezes é apresentada através de vidros e espelhos ou desfocada — recuperar lembranças traumáticas secretas enquanto Bernie desvenda o crime.
Numa estética que joga a favor do mistério, Londres é mostrada de um jeito incomum, quase fantasmagórica de tão pesada, silenciosa e despovoada. A câmera tenta sempre captar Anna perdida nesse espaço gigantesco.
A trama embaraçada só não é favorecida pelo roteiro, que, apesar de conter surpresas, se apressa a sugerir tudo cedo demais. O que fica impecável é o olhar fundo e sensual que Charlotte empresta a Anna, provando que se pode, sim, ser sexy aos 65.
Ano: 2012.
Diretor: Barnaby Southcombe.
Roteiro: Barnaby Southcombe.
Elenco Principal: Charlotte Rampling, Gabriel Byrne.
Gênero: Suspense/Policial.
Nacionalidade: Reino Unido/ França/ Alemanha.
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