Por Sttela Vasco
Uma história delicada, divertida e fascinante. Não seria exagero dizer que Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen) é, de longe, uma das melhores produções já feitas na história da Disney. Completamente inovador em diferentes aspectos, ele nos traz novas perspectivas sobre assuntos que o estúdio trata há anos, provando o processo de reinvenção pelo qual a Disney vem passando. Com um roteiro muito bem estruturado, trilha sonora impecável e personagens com os quais o público pode se identificar – e criar uma profunda empatia – não seria surpresa se a produção fosse a grande aposta do estúdio para o Oscar. A história, levemente baseada no conto de fadas Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen se mostra madura e completa.
Após um incidente, a jovem princesa Anna (Kristen Bell) parte em uma jornada através de montanhas cobertas de neve e muito frio juntamente com o vendedor de gelo Kristoff (Jonathan Groff) em busca de Elsa (Idina Menzel), uma rainha com poderes especiais que mergulhou o reino em um inverno eterno e é a única esperança de salvá-lo. Através de perigos, novas amizades e muitas descobertas, Anna irá crescer, repensar alguns valores e perceber que o amor é sempre a melhor solução para tudo, até mesmo para um frio inverno e um coração de gelo.
Seguindo a linha de Enrolados e Valente, Frozen traz novamente as chamadas “princesas imperfeitas”. Próximas à realidade das meninas atuais, o filme apresenta Anna, uma princesa meio moleca, desajeitada, engraçada, corajosa e que está longe do modelo “Cinderela”, tradicionalmente relacionado às produções da Disney. Ela, pelo contrário, aparece descabelada, com sono, gaguejando e tropeçando como qualquer garota comum e consegue, mesmo assim, ser encantadora. A figura do príncipe também adquire novos aspectos. Se em Enrolados tivemos como herói um ladrão, em Frozen vemos uma mudança no que entendemos por príncipe: o rapaz alto, esbelto e impecável montando um cavalo branco dá lugar a um jovem encorpado, de origem humilde e que tem como alazão uma rena.
Porém, a quebra de paradigmas realizada por essa produção vai além do modo como príncipes e princesas são retratados. Em Frozen, a Disney transforma um dos maiores questionamentos feitos sobre seus clássicos em um questionamento das próprias personagens, convertendo uma de suas maiores críticas em uma piada muito bem feita de si mesma. É surpreendente ver que, com extrema graça, o próprio estúdio questionou um fato presente em quase todas as histórias clássicas (como Branca de Neve e Cinderela) e se mostra – através dos personagens – chocado com isso. Nesse momento, é possível enxergar claramente que o estúdio vai, aos poucos, acompanhando a época em que se encontra e tenta, através de sua própria reinvenção, criar histórias com a mesma beleza dos clássicos, mas com histórias pautadas na realidade atual.
Outro fator interessante em Frozen é que não há a presença de vilões propriamente ditos. Temos Elsa, uma rainha confusa e assustada, mas que não é má e alguns personagens – como o príncipe Hans – que, apesar de apresentarem um caráter duvidoso, não chegam a formar a figura de um vilão, pelo menos não como a conhecemos. A história, aliás, não se pauta na luta do bem contra o mal, mas sim nas relações humanas, no amor, na libertação e na coragem. Em uma das sequências mais emocionantes da animação, Frozen reafirma seu aspecto inovador e mostra que o amor – e possíveis provas deles – não precisam necessariamente vir de um sentido romântico. Uma das mais belas obras produzidas pelo estúdio, com profundidade e emoção na medida, roteiro e direção alinhados e uma trilha sonora que coroa a narrativa fazem desse filme uma das melhores produções já feitas pela Disney.
Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen)
Ano: 2013
Direção: Chris Buck; Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell; Idina Menzel, Jonathan Groff
Gênero: Animação; Aventura
Nacionalidade: EUA
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