Crítica do filme Grand Central

Por Silas Mendes

Segundo filme de Rebecca Zlotowski e segundo filme de Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente; Adeus, Minha Rainha) com a diretora. Presente na mostra paralela Um Certo Olhar do Festival de Cannes desse ano, Rebecca apresenta a história um homem sem rumo que consegue um emprego em uma usina nuclear onde trabalha Karole (Léa), por quem acaba se apaixonando.O tom social do filme ao trabalhar com o tema dos trabalhadores dos níveis mais baixos na hierarquia de uma usina nuclear é bem balanceado ao romance que surge entre Gary Manda (Tahar Rahim) e Karole, noiva de um amigo de trabalho de Gary.Um dos pontos mais interessantes é como esse equilibrio entre os dois temas parece ser em si um tema, como quando a personagem de Karole dá um beijo em Gary e lhe explica que os efeitos do beijo são semelhantes aos da radiação. Tema que inclusive é trabalhado até a bela e ultima cena do filme.

O roteiro chama atenção por não ser óbvio nas ligações que realiza, deixando ao espectador, sem forçar a barra, o entendimento, ligando ponto A ao ponto B de algo aqui e ali. Estranhamente, o maior incômodo que senti do filme – que é uma obra com poucos defeitos e/ou problemas, embora não seja excepcional – é o fato da pouca exploração das personagens e até mesmo de alguns personagens coadjuvantes para além da trama de Gary e Karole.

Como acontece com o personagem de Olivier Gourmet, responsável por treinar os novos funcionários Gary, Tcherno e Isaac, Gilles só ganha novas dimensões quando acidentes envolvendo a radiação acontecem, se tornando um personagem interessante ao longo da projeção, diferente de Toni (Denis Ménochet) que sabendo da infidelidade da esposa, não tem nenhum tipo de atitude.

Apesar de não ser um filme incrível, Grand Central é muito consistente e tem seus bons momentos trabalhados por um bom elenco e uma direção que merece atenção, a cena final é simples e trás o melhor das personagens principais e dos temas abordados.

Grand Central