Histeria

Por Joyce Pais

Nos anos 1880, mulheres diagnosticadas com histeria (leia-se: privadas de prazer sexual) eram tratadas pelo médico Robert Darymple (Jonathan Pryce), o qual acreditava que a origem do problema estava no útero, com massagens no interior da vagina (leia-se: masturbação). Como na época acreditava-se que o prazer era exclusividade masculina, o tratamento não era visto com maus olhos, pois estava estritamente atrelado a fins terapêuticos.O jovem Dr. Mortimer Granville (Hugh Dancy), despedido pela milionésima vez por contrariar o modo como os médicos conservadores e vendidos (sim, naquela época já rolavam trâmites com os distribuidores de medicamentos “milagrosos”) atuavam, se torna assistente do Dr. Darymple. Com a demanda cada vez maior de mulheres no consultório, surge, meio que por acaso e com a ajuda do amigo de Granville, um instrumento elétrico – o vibrador. Considerado, hoje, o acessório sexual mais popular do mundo. O invento contribuiu, consequentemente, para a independência sexual das mulheres, tão almejada por Charlotte (Maggie Gyllenhaal), uma das filhas de Darymple.Baseado em fatos reais, Histeria, sem dúvidas, poderia ser muito mais. Apesar disso, cumpre bem o seu papel naquilo que se propõe – entreter ao contar uma interessante descoberta. A diretora Tanya Wexler utilizou uma estratégia bem peculiar para descontrair o clima entre sua equipe. Ela presenteou a todos no set com….vibradores.

É preciso destacar o trabalho do design e produção, cenografia e figurino, que reconstruíram minunciosamente o ambiente da época. Além, claro, das boas atuações de um elenco coeso. O filme transborda clichês, sabemos de cara com quem o ‘mocinho’ vai ficar, sabemos que em algum momento seus valores pessoais o levariam a tomar ‘xis’ atitudes, mas isso não atrapalha a apreciação de uma leve comédia romântica sem grandes ambições.

Assustador pensar que até 1952 os médicos ainda diagnosticavam mulheres com histeria. Nos créditos finais além deste dado, ‘pipocam’ nas laterais da tela imagens que mostram a evolução dos vibradores, de cores, tamanhos e formatos diferentes. Confesso que nunca havia passado pela minha cabeça de onde e como surgiu o vibrador, o filme, no mínimo, acrescentou esta curiosa informação.

Histeria (Hysteria)