Por Jenilson Rodrigues
Dessa vez a parceria Adam Sandler + Drew Barrymore não deu liga. Pelo menos não funcionou tão bem, talvez por não ter como pano de fundo um filme divertido como a comédia Como Se Fosse a Primeira Vez (2004), ou o um pouco menos engraçado Afinado no Amor (1998), este também dirigido por Frank Coraci. Frank tenta em Juntos e Misturados por mais uma vez tirar dessa dupla o que há de melhor na interação entre eles, mas não só tropeça em vários clichês – clichê na verdade é dizer isso – como perde a oportunidade de utilizar tais falhas a seu favor.
Jim Friedman (Sandler), um sujeito gordo e desajeitado, viúvo, pai de três filhas, após muito tempo sem contato com outras mulheres consegue um encontro com a não menos estranha Lauren Reynolds (Barrymore). Lauren é divorciada e mãe de dois filhos. Já fadado ao fracasso, o encontro acaba se repetindo por diversas vezes graças às desventuras do acaso, e assim os dois (com suas respectivas famílias) vão parar em um resort familiar numa viagem de férias para a África.
O primeiro exagero na história se dá por conta do número de vezes em que Jim e Lauren vão se esbarrando acidentalmente, são muitas coincidências (algumas até absurdas) usadas na tentativa de misturar suas famílias para que essa relação provoque situações engraçadas.
É até fácil pontuar os clichês que acompanham toda a trama, apesar destes curiosamente não representarem um ponto tão negativo para o longa. Cenas curtíssimas com participação de personagens patéticos em piadas forçadas só conseguem enfraquecer o enredo ao invés de acrescentar. Alguns personagens poderiam ter a história um pouco mais aprofundada, não por isso ser fundamental nessa comédia, mas para que o espectador pudesse ter a oportunidade de se conectar e entender melhor esses indivíduos, o que poderia, por consequência, garantir mais risadas durante a sessão.
Nem mesmo a trilha sonora – que facilmente poderia se tornar um ponto a favor caso fosse mais bem trabalhada – consegue entreter e cumprir com sua função. O medley de refrões pop que aparece em duas cenas idênticas, sempre com uma mulher ‘feinha’ se tornando uma rainha, soa desastrosamente forçado e confuso.
Com muita paciência e insistência dá pra se chegar aos quase 120 minutos de filme esperando algo que possa salvá-lo. Ele tem, sim, seus momentos oportunos para reagir e por pouco não o faz. O conjunto de clichês somado a péssima trilha sonora e montagens mal feitas para cenas de ação nos faz lembrar um pouco alguns filmes ruins, mas que muitos amam justamente por sua originalidade e por irem fundo em ideias absurdas, sem hesitar. Sim, falamos aqui dos filmes trash de terror, aqueles aos quais dedicamos um especial #5+1 Estranhos Assassinos, que se sabotam intencionalmente e acabam ganhando fãs justamente por serem produções que cumprem seu papel e se tornam engraçadas por assumidamente não tentarem ser o que não são.
Em alguns momentos o filme do diretor Frank Coraci parece ter a intenção de assumir sua fragilidade, tamanha a quantidade de elementos mal utilizados. Porém, a decepção vem ao notarmos que o longa novamente se perde, aproximando-se bem mais da previsibilidade ao se esquecer das piadas e tentar desnecessariamente trazer algum sentido para a confusão ali formada. O que acaba acontecendo é que Juntos e Misturados, ao invés de mesclar humor e entretenimento, fica oscilando entre o quase soar engraçado e o quase fazer sentido. O meio do caminho apenas o transforma numa comédia perfeita para ser exibida após o Zorra Total.
Diretor: Frank Coraci
Roteiro:Clare Sera, Ivan Menchell
Elenco Principal: Adam Sandler, Drew Barrymore, Bella Thorne, Dan Patrick
Gênero:Comédia, Romance
Nacionalidade: Estados Unidos da América
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