Por Felipe Teixeira
Lá em 2005, alguns após se consagrar com a trilogia O Senhor dos Anéis, o diretor Peter Jackson produziu sua versão sentimental e exuberante sobre o gorila mais famoso do cinema. Encheu os olhos de muita gente, os cofres da Warner Bros. e ainda pôs mais um Oscar de efeitos visuais na conta da WETA, sua empresa criada especialmente para desenvolver novas técnicas de CGI. Apenas 12 anos depois, King Kong ganha uma nova versão nas mãos do pouco conhecido diretor Jordan Vogt-Roberts (Os Reis do Verão), que ousa menos em termos narrativos, mas impressiona pela escala gigantesca conferida ao macaco e pela sua aptidão para o puro entretenimento.
Situado logo após o fim da guerra do Vietnã, o longa-metragem apresenta um grupo formado por pesquisadores, exploradores e militares que viajou até a longínqua e misteriosa Ilha da Caveira, localizada no Oceano Pacífico, a fim de descobrir o motivo de algumas embarcações nunca terem retornado daquele local. Chegando lá, a fotógrafa Mason Weaver (Brie Larson), o cientista Bill Randa (John Goodman), o explorador James Conrad (Tom Hiddleston), o soldado Preston Packard (Samuel L. Jackson) e o restante da equipe logo se deparam com Kong e outras inúmeras criaturas de proporções monstruosas.
O encontro inicial da tripulação com o gorila é espetacular e não há como não destacar os efeitos visuais e a direção de Vogt-Roberts. Fazendo uso de planos abertos em que seres humanos e helicópteros são exibidos diante de apenas uma parte do corpo de Kong, o filme já demonstra o gigantismo do animal – certamente em sua maior versão de todos os filmes até então- , e seu tamanho torna-se ainda mais ameaçador quando ele é mostrado de corpo inteiro pela primeira vez. A arrebatadora sequência de ação introduz o gorila sem enrolação para o que veremos no restante da projeção: ao contrário do “simpático” Kong de Peter Jackson, o gorila versão 2017 é bruto, sério e implacável na proteção de seu lar.
Como de praxe na maioria dos filmes de guerra ou de “exploração de ambiente hostil desconhecido”, personagens secundários morrem subitamente à medida que novos monstros amedrontadores surgem em cena. Aliás, é notável que Kong: A Ilha da Caveira não se esforça nem um pouco em fugir desse rótulo de filme, apresentando todos os clichês possíveis do gênero claramente como uma proposta do roteiro. Tem os soldados que fazem piadas em momentos de tensão, o líder galã que nunca perde a pose, o pesquisador ambicioso que não está nem aí para os outros desde que alcance o que procura, e por aí vai. Frases de efeito também são ditas aos montes e os diálogos expositivos idem, mas o elenco estelar encarna seus personagens de forma tão natural e convicta que sequências que poderiam ser toscas acabam revelando-se divertidas.
Repleto de sequências de ação em câmera lenta, homenagens à Apocalypse Now e com um performance maravilhosa de John C. Reilly, Kong: A Ilha da Caveira não desenvolve muito seus personagens ou apresenta grandes reviravoltas: é o puro entretenimento escapista que agrada por justamente cumprir sua premissa de divertir sem grandes ambições. E é admirável que uma produção tenha a coragem de fazer isto em um filme de grande orçamento e elenco renomado.
Obs: o filme tem um cena pós-créditos.
Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island)
Ano: 2017
Direção: Jordan Vodgt-Roberts
Roteiro: Dan Gilroy, Max Borenstein, Derek Connolly, John Gatins
Elenco Principal: Tom Hiddleston, Brie Larson, Samuel L. Jackson, John C. Reilly
Gênero: Aventura
Nacionalidade: EUA
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