Linha de Frente

Por Luciana Ramos

O que esperar de um filme de Jason Statham com roteiro escrito por Silvester Stallone? Balas, tiroteios, cenas de luta, sangue espirrando na tela, certo? Como previsto, Linha de Frente tem tudo isso, mas engana-se quem pensa que assistirá a uma sucessão de cenas de ação sem razão aparente.

A trama é simples: Phil Broker (Jason Statham) é um ex-agente da DEA (divisão de narcóticos da polícia americana) que, após uma operação secreta, decide abandonar a profissão e muda-se com a filha Maddy (Izabela Vidovic) para uma cidadezinha idílica. Viúvo, pretende recomeçar sua vida mas o embate com um traficante local Gator (James Franco) toma proporções jamais imaginadas por Broker, que vê o seu passado voltando para assombrá-lo.

Como velhos hábitos demoram a morrer, ele obviamente responderá aos ataques da melhor maneira que sabe: como socos e pontapés. Na rua, no posto de gasolina, num galpão… Statham está sempre pronto. No entanto, existe uma grande diferença em relação aos seus personagens anteriores. Broker é um pai de família, alguém em busca de uma vida melhor para a sua filha e que, portanto, fará de tudo para protegê-la do perigo. Assim, diferentemente das cenas de violência absolutamente gratuitas de filmes anteriores, o novo personagem de Statham só reage quando é atacado, o que obviamente acontece de maneira contínua.

O filme contrapõe de maneira eficiente as cenas de ação com outras, mais emocionais, que contribuem para o andamento da história na medida em que reforçam o relacionamento de Broker e Maddy e indicam os perigos que vem pela frente. Mais que isso, o fato de ter sido ela quem acidentalmente desencadeou o conflito serve para justificar a violência, além de tornar o protagonista mais identificável aos olhos do público, conferindo assim maior densidade à história.

Apesar de bem desenvolvido em termos gerais, o roteiro deixa um pouco a desejar quanto ao desenvolvimento de alguns personagens importantes, como os de Cassie Klum (Kate Bosworth) e Sheryll (Wynona Rider). Ambas tem peso por serem determinantes no desenrolar da trama, mas são pouco exploradas e aparecem de maneira pontual. Cassie, por exemplo, é o estopim de todo o conflito do filme, mas some em determinado momento para reaparecer somente no final.

Problemas à parte, o grande trunfo de Linha de Frente está no delineamento do seu protagonista, que concede ao filme uma aura retrô. Tudo parece ter saído diretamente dos anos 90. Afinal de contas, trata-se de um homem que dispõe-se a enfrentar todos os vilões sozinho, mesmo quando em clara desvantagem. Isso o torna a personificação daquele que expurga o mal da cidade e traz a paz de volta, acentuando suas características de herói. Nesse ponto, dá pra perceber claramente a mão de Stallone no roteiro, um reflexo dos seus dias de Rambo.

Linha de Frente é um filme eficiente, melhor que a maioria lançada nos últimos anos e certamente um avanço para a carreira de Jason Statham. O foco da trama no relacionamento familiar torna-o atrativo mesmo para aqueles que não são fãs do gênero. Em suma, consegue segurar o espectador na poltrona e assim cumprir o seu dever de filme de ação.

Linha de Frente (Homefront)