Marcados Para Morrer

Por Soraya Yumi

A câmera subjetiva ou found footage tem sido utilizado em muitos filmes, como: Holocausto Canibal (1980), A Bruxa de Blair (1999), REC (2007), Atividade Paranormal (2007), O Escafandro e a Borboleta (2007), entre outros. O recurso é muito usado em filmes do gênero terror/suspense para alcançar um efeito desejado, que normalmente é gerar uma tensão por meio da aproximação entre espectador e personagem, comum em jogos em primeira pessoa. No filme Marcados para morrer (End of Watch), de David Ayer, o recurso é explorado por meio de câmeras handycam utilizadas pelo protagonista, Brian Taylor (Jake Gyllenhall; O amor e outras drogas), que tem como pretensão registrar a sua rotina de trabalho, em Los Angeles, com seu amigo e parceiro, Mike Zavala (Michael Peña), para um trabalho de faculdade. Porém, pode-se notar que Ayer mistura posições de câmeras, não só utiliza as filmagens caseiras do protagonista; por isso é preciso atentar-se ao rotular o filme e dar um valor negativo por tentar explorar um lado interessante do found footage.

O enredo ilustra o cotidiano da vida de uma dupla angelina de policiais que ama seu trabalho e que está sempre de bom humor, os íntegros policias Taylor e Zavala enfrentam a realidade de Los Angeles – cartéis mexicanos em território norte-americano, guerras de gangues, tráfico humano e de drogas – entre outros problemas que só cabe aos federais resolverem, porém, a dupla se mostra tão destemida que acaba por ser marcada para morrer, como já revela a tradução do título do filme. Mike Zavala, mexicano bem humorado, é casado com Gabby (Natalie Martinez), enquanto Brian Taylor, após ter se envolvido em pequenos relacionamentos que nunca davam certo, acaba de conhecer Janet (Anna Kendrick); a partir disto, a construção do enredo é mesclada entre a agitação da vida profissional dos policiais com a calmaria de suas vidas pessoais.

Marcados para morrer tem uma trama bem construída, no limite do possível, já que para retratar o cotidiano é preciso saber filtrar cenas, informações e colocar o que é essencial; pode-se dizer que peca ao não desenvolver outros caminhos, contudo, é muito condizente/sensato da parte do roteirista não levar além daquilo, porque se tentasse explorar o lado dos cartéis mexicanos – fonte interessantíssima para a construção da trama – tornaria o filme completamente distante da realidade da polícia de L.A., já que quem cuida desse departamento são os federais. Apesar de cenas pesadas, por exemplo, facada no olho, bebês amarrados com silvertape, corpos mutilados; os diálogos descontraídos, bem humorados e a calmaria da vida pessoal dos personagens trazem um equilíbrio ao filme. Por isso, dentre os filmes de ação, Marcados para Morrer é um bom filme, diria que é equilibrado, que consegue transmitir a tensão similar dos jogos de tiro em primeira pessoa, como Call of Juarez – The Cartel.

Marcados para morrer (End of Watch)