Crítica do filme O Enigma Chinês

Por Jenilson Rodrigues

A dupla Audrey Tautou e Romain Duris está de volta após estrelar um casal bem estranho no esquisito e divertido A Espuma dos Dias (2013), de Michel Gondry. Dessa vez eles retornam a parceria com o diretor Cédric Klaspich, com quem já trabalharam juntos no ótimo Albergue Espanhol (2002).

Xavier (Romain) é um sujeito de meia idade inseguro que vive as voltas com os dramas pessoais, entre decepções amorosas e “diálogos” com filósofos alemães. Após ver seu casamento com a lindíssima Wendy (Kelly Reilly) desmoronar e sua família (esposa e filhos) abandoná-lo na França, ele automaticamente leva um choque de realidade e tenta recuperar o tempo perdido. O que Xavier não imaginava era a transformação radical pela qual sua vida passaria ao ir atrás de sua família que se mudara para os Estados Unidos. Sua amiga Martine (Audrey) passava por dificuldades semelhantes e entre idas e vindas os dois surpreendentemente encontravam espaço para se divertir em meio à turbulência dos problemas cotidianos.

Quem imagina encontrar em O Enigma Chinês mais um filme comum pode até se surpreender. Isso porque o longa não se concentra apenas num ritmo mais lento, mais romântico, típico de algumas produções francesas. O diretor Cédric Klaspich conseguiu ir além ao acrescentar elementos como mapas animados, colagens e animações que transformam as passagens de cena, alterando o andamento da trama.

As cores quentes e fortemente realçadas como o vermelho e o amarelo chamam a atenção e trazem vida mesmo para momentos que não aparentam ser tão importantes dentro do conjunto da obra. O som também foi perfeitamente sincronizado a ponto de ruídos impactantes como a decolagem de um avião ou um trem em disparada não destoarem do clima criado nas cenas em que surgem de surpresa. Eles acabam funcionando como peças fundamentais para dar sentido a instantes únicos da narrativa.

Apesar de ser classificado como drama, O Enigma Chinês surpreende ao unir várias características presentes em filmes de romance, comédia e ação. Além dos encontros e desencontros dos amigos Xavier e Martine, vemos ainda situações românticas e engraçadas vividas por outras personagens de mesma relevância e que são muito importantes para garantir a leveza até o final.

Algumas passagens filosóficas que provocam estranhamento e reflexão tornam o filme ainda mais interessante. O quebra-cabeça criado pelo diretor Cédric Klaspich ao retratar a complicada vida do protagonista Xavier Rousseu consegue reunir numa mesma produção vários componentes capazes de nos divertir durante a montagem das peças, ao invés de criar uma expectativa pelo desfecho ideal que sempre acontece da melhor forma dentro de nossas mentes.

O Enigma Chinês (Casse-tête chinois)