Por Joyce Pais
O cinema é capaz de fazer o espectador, quando entra em contato com uma história bem construída e representada, estabelecer uma identificação com a trama de modo que o que é visto na tela cause sensações diversas como tristeza, medo, admiração, ansiedade, alegria, entre outras. Esse talvez seja o único “problema” de O Homem que Mudou o Jogo: a dificuldade de aproximação com um público que não seja o norte americano e/ou de países que tenham como parte da cultura local a prática do baseball. Na terra da bola nos pés, em certo grau, isso pode bloquear parte da carga dramática pretendida pelo longa, mas apesar disso não ofusca suas qualidades que, diga-se de passagem, são muitas.
Um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme, O Homem que Mudou o Jogo não é só mais um filme sobre esporte e um misto de superação, competitividade e dramas pessoais – elementos geralmente embutidos no pacote de produções do gênero. Recheado por flashbacks que gradualmente vão dando forma ao enredo, conhecemos Billy Beane (Brad Pitt), um ex-jogador de baseball que após encerrar sua carreira passou a exercer o cargo de gerente geral do Oakland A’s. A primeira vista é complicado entender o conjunto de informações que são pinceladas e aparentam estar fora de contexto, isso acontece por conta do uso de termos técnicos e uma linguagem específica que espantam quem não tem familiaridade com o esporte.
Baseado no livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game de Michael Lewis, O Homem que Mudou o Jogo se concentra nas tentativas de Beane de criar um time competitivo para a temporada de 2002 de Oakland, depois da derrota se seu time para o New York Yankees e apesar da difícil situação financeira da equipe, usando um método inovador de análise estatística dos jogadores. Para isso ele conta com a inteligência e ajuda de Peter Brand (Jonah Hill), um jovem recém formado em economia de Yale e ex- funcionário do Cleveland Indians, que tem ideias nada convencionais de como avaliar cada jogador, ele se baseia principalmente na porcentagem de vezes que um jogador executa certa jogada com perfeição.
O economista questiona algo muito pertinente nos tempos atuais, sobretudo no mercado esportivo – o verdadeiro valor de um atleta. Para exemplificar sua posição ele questiona se realmente os atletas supervalorizados da Liga davam um retorno compatível com os investimentos ou se a imagem, a figura publicitária do jogador predominava em detrimento de seu aproveitamento esportivo, ele afirma “sua meta não deve ser comprar jogadores , e sim comprar vitórias”, algo a se pensar. Numa tentativa arriscada, Beane aposta suas fichas, o que o faz entrar em conflito direto com Grady Fuson (Ken Medlock), um olheiro veterano cético quanto a nova estratégia e com o técnico Art Howe (Philip Seymour Hoffman). O homem versus a máquina, o velho versus o novo são campos por onde Billy Beane transita a partir daí.
O filme nos leva para o interior e os bastidores do baseball – como esporte e como negócio lucrativo. Garotos são vistos e avaliados por olheiros que percorrem o país visitando clubes em busca de novos talentos, de jogadores em potencial para se tornar uma “estrela”, e é exatamente essa a idéia vendida, é assim com quem se destaca, foi assim com Billy. Quando descoberto teve que escolher entre ingressar na faculdade ou se dedicar 100% ao esporte que amava; escolheu a segunda opção. Sua trajetória é divida com o espectador a cada cena ou flashback do seu passado, seus arrependimentos, dúvidas, a sensível relação com a filha pré-adolescente, com seu ambiente e companheiros de trabalho; todos os pontos levantados no longa nos fazem embarcar na torcida do seu sucesso.
O Homem que Mudou o Jogo fala de sonhos e expectativas, de promessas que nem sempre trilham o caminho da glória e consagração. Brad Pitt (que também assina a produção do filme), muito seguro na sua atuação, cumpriu seu papel, o que lhe rendeu a justa indicação de Melhor Ator no Oscar 2012.
O Homem Que Mudou O Jogo (Moneyball)
Ano: 2011.
Diretor: Bennet Miller.
Roteiro: Steven Zaillian e Aaron Sorkin.
Elenco Principal: Brad Pitt, Jonah Hill, Chris Pratt, Robin Wright.
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA.
Veja o trailer:
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