Por Joyce Pais
Com um orçamento baixo ($21 milhões) e um ótimo elenco, não é de se estranhar que O Lado Bom da Vida, do diretor David O. Russell (O Vencedor), tenha se destacado tanto quando pensamos na inexpressividade dos lançamentos da temporada. Atores como Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Chris Tucker, Julia Stiles e os veteranos Robert De Niro e Jacki Weaver foram atraídos pela qualidade do projeto, que, nesse contexto, pode ser considerado um respiro de originalidade. Com oito indicações ao Oscar, o filme bateu um recorde. Desde 1981, com Reds, que não aconteciam quatro indicações nas categorias dos atores.
Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper) é um professor substituto de história que perdeu tudo o que tinha: sua casa, o emprego e a esposa. Após uma atitude descontrolada de sua parte, vai parar em um sanatório, onde fica por oito meses. Ao sair, Pat passa a morar com os pais e pretende reconstruir sua vida e, principalmente, o seu casamento. Seus planos mudam quando ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma garota que se encontra numa situação parecida com a dele, numa fase de mudanças drásticas e de recomeço.
Jennifer Lawrence desbancou nomes como Rachel McAdams, Olivia Wilde, Blake Lively, Elizabeth Banks, Rooney Mara, Kirsten Dunst, Andrea Riseborough e Anne Hathaway (esta por incompatibilidade na agenda) até ser a escolhida para viver a complexa Tiffany. Com sua segunda indicação ao prêmio de Melhor Atriz, ela iguala a marca de Kate Winslet de atriz mais jovem indicada mais vezes ao Oscar, sendo que Winslet, em uma das vezes, foi como Melhor Atriz Coadjuvante.
Lawrence é nitidamente uma das atrizes mais promissoras de sua geração, quando em cena, domina completamente o território e é capaz de se sobressair mesmo quando divide a tela com De Niro, o pai supersticioso e caricato de Pat. Ela já havia mostrado a sua força em Inverno da Alma (2011), e é importante dizer que apesar da popularidade de Jogos Vorazes e sua imagem de ídolo teen, a atriz não se limita e faz escolhas inteligentes de papéis que podem direcionar sua carreira para um caminho interessante.
Acredito que a maior surpresa de O Lado Bom da Vida seja Bradley Cooper (Se beber Não Case; As Palavras). O trabalho cuidadoso com as delineações de seu personagem merece os elogios e indicações; suas alterações de humor; expressões faciais que variam de um segundo para o outro, que vão de um homem desesperado, agressivo ao de uma criança indefesa pedindo por socorro resultaram em um personagem tridimensional e cativante.
Silver Linning vem da frase americana “Every cloud has a silver linning” (Toda nuvem tem um “fundo prateado”), dita pelo poeta inglês John Milton, em 1634. Playbook se refere ao livro de jogadas que cada equipe de futebol americano tem. Inspirado por uma visão otimista e no “excelsior”, Pat embarca num programa de ajuda mútua com Tiffany.
As corridas que Pat e Tiffany dividem podem simbolizar nada mais do que a busca, a tentativa de olhar pra frente e enxergar o novo, as mudanças com positividade. Nas cenas de dança, nota-se a gradativa aproximação dos dois, através do toque, do entrosamento, que não se limita aos passos de dança.
Diálogos ágeis e bem articulados prendem o espectador a cada minuto do filme, seu ritmo é envolvente, bem como a química da dupla Lawrence e Cooper, que não poderia ser melhor.
Ainda que o desfecho seja bem previsível, ao final de O Lado Bom da Vida, o que conta é o caminho percorrido para os dois chegarem ali, sua trajetória compartilhada com quem assiste só facilita o processo de identificação. Apesar de falar de temas complexos, David O. Russel mostra ter o timing perfeito para cenas que certamente serão lembradas pelo público por um bom tempo, cenas candidatas, inclusive, a se tornar mais um hype dentre os fãs de cinema.
O lado bom da vida (Silver Linings Playbook)
Ano: 2012
Diretor: David O. Russell.
Roteiro: David O. Russell.
Elenco Principal: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert DeNiro, Jacki Weaver.
Gênero: Comédia dramática.
Nacionalidade: EUA.
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