Por Ana Carolina Diederichsen
Já se passaram 10 invernos desde os acontecimentos de O Planeta dos Macacos – A Origem. Agora, César (o ótimo Andy Serkis, com o uso da tecnologia Motion Capture) e sua nova família, além dos macacos libertados por ele na Batalha da Golden Gate Bridge, estabeleceram uma intrincada sociedade. Com o reconhecimento claro da liderança de César, mas sem divisões sociais, apesar das diversas espécies que os compõem, a nova sociedade igualitária se assemelha a estágios evolutivos avançados dos primórdios da espécie humana.
Acontece que o gás disseminado para deixar os macacos mais inteligentes, no filme de 2011, era na verdade um vírus, que se provou letal para a raça humana. Aos poucos, contaminada pela “gripe símia”, ela foi dizimada da terra. Descobrimos isso nos segundos iniciais do filme, que seguindo uma tendência simplória, apresenta manchetes de diferentes jornais pelo mundo, relatando os efeitos devastadores da infecção.
Por algum motivo ainda desconhecido, alguns poucos homens são imunes ao vírus. E criaram uma pequena resistência numa antiga base militar, à beira da Golden Gate. A cidade agora já está tomada pelas plantas e fica nítido que a natureza tomou conta do espaço outrora dominado pelo homem. Essa micro sociedade (mais caótica que a dos macacos) é liderada por Dreyfus (Gary Oldman) e estáà beira do colapso, uma vez que todas suas fontes de energia estão se esgotando. Nem mesmo o incrível arsenal bélico que tem em posse pode ajudá-los.
Ate então, homens e macacos não haviam se reencontrado, mas o roteiro muito bem escrito se encarrega de criar essa necessidade. Na esperança de solucionar o problema energético, um pequeno grupo de exploradores humanos arrisca suas vidas penetrando na floresta para tentar reativar uma antiga usina hidrelétrica. O grupo, liderado por Malcolm (Jason Clarke, de A Hora mais escura e O Grande Gatsby), se depara com os macacos e inicialmente não entende sua evolução. Mas a partir do momento em que conversam com César, compreendem sua sociedade e se encantam por ela.
Tem-se início uma série das mais interessantes sequências do filme. O contato e a troca entre homens e macacos, mediados não só pela fala, mas também com a incrível possibilidade de verbalização, é repleta de descobertas e encantamentos. Tanto Malcolm quanto César nutrem respeito e admiração pelas espécies e, principalmente, promovem uma convivência pacífica. Mas nem todos pensam dessa maneira, sejam homens ou macacos.
O longa pode ser bem dividido em duas partes distintas e igualmente competentes. Na primeira metade, essa bela relação é amplamente abordada. E tão bem elaborada, que constrói de maneira sólida o terreno para os acontecimentos mais violentos (e repletos de ótimas cenas de ação) que se desenrolam ao longo do filme.
O “Confronto”, descrito no título, está presente desde o início, mas sempre latente. Até que estoura. É nesse ponto também, que o filme estabelece sua maior ligação com seu predecessor e retoma a história de maneira delicada. Quando a ação começa, domina o ritmo do longa até o final. E não se engane com o termo “final”, pois o filme promete algumas (e emocionantes) sequências.
Apesar de não se focar nisso, O Planeta dos Macacos: O Confronto abre espaço pra um interessante questionamento: o que existe de tão humano em nós, que nos diferencia de outras espécies? E ao levantar isso, joga ainda mais lenha na fogueira dos próximos filmes da saga.
O Planeta dos Macacos – O Confronto (Dawn of the planet of the apes)
Ano: 2014
Diretor: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa, Amanda Silver
Elenco Principal: Andy Serkis, Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russell
Gênero: Ação, ficção científica
Nacionalidade: EUA
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