A primeira vez que assisti La La Land, me emocionei e fiquei surpresa com a construção de um musical que pra variar, não era de todo ruim ⎯ essa minha impressão foi mudando conforme revia e refletia sobre ele. Parece que Hollywood gostou do resultado e agora entra numa nova leva de musicais, mais modernos e coloridos.
O Rei do Show contou com os mesmos compositores de La La Land, um possível chamariz para os simpatizantes do filme queridinho (quase ganhador) do Oscar. Seria ótimo, se não fosse entediante.
Hugh Jackman interpreta P. T. Barnum, famoso showman, pioneiro do entretenimento circense de excentricidades nos Estados Unidos do século XIX em um roteiro que explora sua escalada ao topo da sociedade americana e sua vida amorosa com a esposa, interpretada por Michelle Williams.
Suas atrações principais, que envolviam figuras como a mulher barbada (Keala Settle), um anão (Sam Humphrey), um casal de irmãos negros (Zendaya e Yahya Abdul-Mateen II), entre outros, servem como alegoria das diferenças e individualidades humanas e buscam em tela, demonstrar a quebra de preconceitos e celebração das diferenças. Seria assim, se a construção de personagens não fosse rasa e clichê.
This is me é a canção original do filme e é por meio dela que as peculiaridades são exaltadas, entretanto, as personagens em tela são tantas e em um tempo tão curto que acabamos não nos importando com nenhuma delas especialmente. A lição que o filme tenta passar de aceitação e amor às diferenças são só um discurso monótono e sem profundidade.
Como musical, é enfadonho apesar do esforço dos compositores em encaixar músicas Pop/Rock na narrativa, além de deslocadas, são ruins. Nem Hugh Jackman no elenco salva o roteiro, que começa bem e desanda em caída vertiginosa para um emaranhado de açúcar.
Ainda fazem parte do elenco Rebecca Ferguson e Zac Efron, que volta ao melhor estilo High School Musical para as telas, mas com uma atuação mediana, que não convence, mas não desagrada.
À parte todos os defeitos de roteiro e construção de personagem, a produção não deixa a desejar com a fotografia ⎯ que presta homenagem clara ao estilo único circense, com tecidos esvoaçantes e cores quentes ⎯ e efeitos de câmera ⎯ rodopia, salta e acompanha as coreografias em terra e no ar (com as acrobacias). Os cortes e a montagem do filme, principalmente nas cenas que indicam passagem de tempo, são fluidos e quase sugerem um plano-sequência, para o espectador, o corte passa despercebido e a próxima cena que vemos na tela já é algo totalmente novo, associado às coreografias, bem executadas, a produção consegue prender, na medida do possível, a atenção dos mais entusiastas de musicais.
O Rei do Show é um compilado de falas, atitudes e moldes típicos de musicais, sem muito risco, sem muita inovação, mas visualmente bem executado. Ainda assim, não é capaz de gerar grandes amores e grandes reações.