Por Jenilson Rodrigues

Primeiramente não vamos nos ater ao fraco argumento de que fazer releitura é sempre complicado. O diretor Spike Lee sabe disso melhor do que ninguém. Seria até inocência presumir que ele se arriscaria a tal feito sem calcular milimetricamente cada detalhe de sua versão baseada no longa metragem do sul coreano Chan Wook-Park. Tanto que para isso contou com dois roteiristas de Oldboy (2003), Garon Tsuchiya e Nobuak Minegishi.

Acompanhamos o drama de Joe Douchett (Josh Brolin), que após um estranho sequestro vai parar em um cativeiro por onde é mantido durante um longo período sem explicações e sem contato direto com nenhuma pessoa. E o que já parecia esquisito vai só piorando e se tornando cada vez mais intrigante, tudo graças às poucas pistas que são reveladas sobre o motivo de seu cárcere, a partir da obscura realidade que lhe é apresentada através de uma tela. Ele precisa ir ligando vários sinais que poderiam apontar as razões para sua situação.

Comparar é bem simples, muitas críticas se dão conta somente de confrontar as duas versões e apontar qual delas apresentou melhores soluções para o enredo. Outras opiniões procuram rebaixar a releitura colocando o original num pedestal, o qual não seria superado de forma alguma, por mais competente que se mostrasse uma nova interpretação para o longa de Chan Wook-Park.

O que se pode dizer é que Spike Lee acerta ao trazer agilidade para a trama, pois a primeira versão, apesar de genial, é extensa demais. É importante lembrar que nesse caso, tal problema é compensado por outras características. A adaptação hollywoodiana mantém grande parte da tensão, além de conseguir minimizar o incômodo da longa duração. Algumas explicações dentro da história são apresentadas simultaneamente aos diálogos, unindo o agradável ao funcional.

A produção do novo Oldboy também contribui para uma resposta positiva. Boas atuações, uma fotografia impecável e um som impactante nas horas certas dão uma identidade e causam ótima impressão. O sucesso da combinação se torna mais perceptível ainda para quem não acompanhou a versão anterior.

Se o filme ganhou em violência e agilidade, acabou se tornando um pouco menos frio e enigmático do que o original. O protagonista Joe Douchett se mostra menos sinistro do que Oh Dae-su. Além disso, ao mesmo tempo em que a agilidade do roteiro evita tantas voltas, acaba por atropelar momentos que conectam o espectador ao personagem principal. Na versão de Chan Wook-Park ficava mais fácil se identificar com Dae-su e entender toda a mecânica da vingança que se desenhava em sua mente.

Pode-se notar a diferença do ponto de vista de dois grandes diretores através da famosa e espetacular cena do martelo. Melhor do que relacionar as duas produções é analisar a peculiaridade de cada uma para tirar suas próprias conclusões.

Cinemascope-Oldboy (10)Oldboy – Dias de vingança (Oldboy )

Ano: 2013

Diretor: Spike Lee

Roteiro:Garon Tsuchiya, Mark Protosevich, Nobuak Minegishi

Elenco Principal: Josh Brolin, Elisabeth Olsen, Samuel L. Jackson, Sharlito Copley

Gênero: Ação, Drama, Mistério

 

 

 

 

 

Confira o trailer:

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