Por Sttela Vasco
Uma mulher jovem, bem sucedida, que vive o auge de sua carreira e com um casamento perfeito. É assim que está a vida da renomada professora de linguística, Dra. Alice Howland (Julianne Moore) quando ela começa a esquecer de trechos de suas aulas e se perder pelas ruas de Manhattan. Diagnosticada com Alzheimer, ela vê sua rotina mudar drasticamente e precisa se adaptar à sua nova realidade, que coloca à prova seu relacionamento com o marido, John (Alec Baldwin) e a reaproxima de sua filha mais nova, Lydia (Kristen Stewart).
Essa é a história de Para Sempre Alice (Still Alice), longa conduzido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, baseado na obra homônima de Lisa Genova, e que traz a difícil luta de uma mulher que, em meio a uma difícil descoberta, tenta viver da melhor forma possível, fazendo com que a sua doença não seja tudo o que ela tem, mas apenas uma parte de sua existência.
O processo pelo qual Howland passa é doloroso e a sensação de desespero pela qual a protagonista passa é transmitida ao público. O espectador começa a torcer e se angustiar quando Alice não consegue lembrar as palavras no meio de uma aula e sofre junto a ela no conforme a doença avança. Moore, que venceu o Oscar de Melhor Atriz graças a esse papel, já teve atuações mais fortes, mas se entrega de forma tão sincera que convence e faz com que o longa tenha valido a pena apenas por sua presença.
O filme é um retrato real e cru sobre o Alzheimer. O fato de Alice ser doutora em linguística o torna ainda mais sensível, afinal, tendo as palavras como sua paixão e trabalho, são justamente elas as primeiras a lhe faltarem à memória. Não há como negar, Para Sempre Alice emociona e envolve graças à força de sua personagem principal. No entanto, o roteiro começa a derrapar a partir do meio do longa e acaba por se atrapalhar tentando resumir acontecimentos importantes em um curto espaço de tempo. O final, ao tentar conduzir a trama para uma vertente mais poética sobre a doença, acaba por terminar com cara de filme que acabou pela metade e de uma forma um tanto abrupta, quando a história estava para avançar.
Talvez [alerta de spoiler] o objetivo fosse manter na mente do espectador a imagem de uma Alice que não se deixou abalar, uma mulher que se manteve firme e viveu da melhor forma que pode após receber um diagnóstico horrível, e não os momentos finais, com uma pessoa extremamente debilitada e morrendo aos poucos. Porém, mesmo sendo esse o foco, poderia ser um pouco mais arredondado. Acaba-se a história um tanto carente de mais cenas que mostrassem o envolvimento e a aproximação entre mãe e filha – um dos laços destacados na sinopse da trama e que não é tão bem desenvolvido como poderia.
O restante do elenco tampouco colabora. Julianne carrega o filme sozinha durante boa parte da trama. A apática família de Alice se torna cada vez mais apagada conforme a protagonista cresce em sua luta contra a doença e seu marido – com uma interpretação anêmica de Baldwin – acaba por ser tornar secundário. Lydia, mais uma vez, que deveria crescer como coprotagonista acaba tendo apenas alguns momento com a mãe e Stewart, altamente elogiada por seu papel no longa, entrega uma atuação dura, sem grande expressão e que não consegue cativar.
O grande acerto de Para Sempre é não vitimar sua protagonista. Alice descobriu ter uma doença degenerativa, mas tira o melhor de sua situação. Ela encontra maneiras alternativas para conseguir realizar tarefas do dia a dia sem precisar de ajuda e passa a usar seu problema como forma de apoio para outras pessoas. Seu bom humor e sua força também merecem destaque. Ela não se deixa deprimir e tenta manter sua família unida em meio a tudo. E, apesar de não se recordar mais de muitas coisa, ela continua sendo Alice.
Apesar de suas falhas, esse é um longa extremamente humano e realista. Em Alice temos a história de inúmeras pessoas e famílias que enfrentam o Alzheimer e em seu roteiro encontramos uma história verdadeira, que emociona e nos faz refletir sobre o valor que damos à vida e às pessoas e o que faríamos se, de repente, começássemos a esquecê-los.
Para Sempre Alice (Still Alice)
Diretor: Richard Glatzer; Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer; Wash Westmoreland
Elenco Principal: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA, França.
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