Por Joyce Pais
Depois de chamar a atenção do mundo como seu filme de estreia, Enterrado vivo (2010), o diretor e roteirista espanhol Rodrigo Cortés conseguiu um elenco de ponta para seu novo triller, Poder Paranormal (Red Lights), mas isso não foi suficiente para garantir um trabalho consistente. A premissa do longa é interessante: a psicóloga Margaret Matheson (Sigourney Weaver) e seu assistente, o físico Tom Buckley (Cillian Murphy), se dedicam a desmascarar impostores que alegam ter relação com poderes paranormais. Haveria, então, um único caso ainda não desvendado, o do paranormal cego Simon Silver (Robert De Niro), que após desaparecer misteriosamente por trinta anos, resurge, desafiando as crenças e limitações da dupla.
Introduzido por cenas dinâmicas, o filme se vale de uma montagem bem feita para prender a atenção do espectador quase do começo ao fim, digo quase, pois em determinados momentos, mais precisamente do segundo ato em diante, há uma série de cenas desnecessárias que forçam um prolongamento da expectativa e que, ao invés de alcançar esse objetivo, se torna massante.
Em uma entrevista Cortés citou Todos os Homens do Presidente (Alan J. Pakula; 1976) como inspiração para o tom investigativo que pretendia alcançar no filme. É, desculpe, o resultado ficou aquém do planejado. Espera-se que em filme de suspense, se tenha…….suspense, e se luzinhas piscando e uma chamada de telefone em que a pessoa fica muda do outro lado da linha for o melhor que o um filme pode oferecer, fica difícil dar créditos à ele. Isso sem contar a placa de EXIT e a incrição LOST num mural em determinado momentos diretamente relacionados ao personagem Buckley. Óbvio demais.
Poder paranormal se torna patético nas muitas vezes que tenta inserir pitadas de humor nos diálogos. Piadas, situações e motivações clichês, a cada cena fica nítido o quão simplista é o projeto. Em certa cena, Margareth diz “eu estou ficando velha” e ao ouvir isso você já imagina o que vai acontecer dalí a algumas cenas. Sem contar os personagens bizarros jogados na trama para forçar o clima de tensão, em suma: os truques de Cortés são tão baratos quanto os dos golpistas que tentam enganar a dupla Matheson-Buckley.
Um elenco que consegue se destacar com um roteiro limitado como esse merece destaque. Elizabeth Olsen (irmã mais nova das gêmeas Olsen) vem ganhando notoriedade e tem escolhidos projetos de gêneros similares também, recentemente esteve em A Casa Silenciosa (2012). Cillian Murphy (Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge), aclamado por sua carreira no teatro, também aparece muito bem na pele do fiel parceiro de trabalho de Margareth. Com o avançar das investigações eles deixam Sally Owen (Olsen), uma universitária, entrar na equipe (e é claro que um romance acontece). Weaver e De Niro dispensam comentários, aqui, a experiência de ambos fizeram tirar “leite de pedra”.
No longa, a fé das pessoas são colocadas à prova, até onde nossas crenças podem nos levar? A redenção ou ao abismo? A interminável busca do ser humano por respostas concretas e palpáveis daquilo que não podem explicar ou aceitar resultam no desespero das soluções equivocadas e duvidosas. O filme, ao menos, nos faz pensar no papel da mídia na construção desses homens com ‘superpoderes’, celebridades alçadas ao status de divindade e no quanto a fé, quando cega, pode ser a porta de entrada para um jogo perigoso.
Ano: 2012
Diretor: : Rodrigo Cortés..
Roteiro: : Rodrigo Cortés..
Elenco Principal: Sigourney Weaver, Robert De Niro, Cillian Murphy, Elizabeth Olsen.
Gênero: Suspense.
Nacionalidade: EUA/Espanha.
Veja o trailer:
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