Por Aline Fernanda
Escrito pelo diretor Karim Aïnouz, ao lado de Felipe Bragança, o roteiro conta a história de Donato (Wagner Moura), salva-vidas na Praia do Futuro, Fortaleza. Seu irmão caçula, Ayrton (Jesuíta Barbosa), tem grande admiração por ele, devido à coragem demonstrada ao se atirar no mar para resgatar desconhecidos. Um deles é Konrad (Clemens Schick), um alemão de olhos azuis que muda por completo a vida de Donato após ser salvo por ele.
Praia do Futuro tem como tema a fuga e o abandono, temas recorrentes na filmografia do diretor, exemplos disso são os filmes O Céu de Suely e Abismo Prateado. O longa de Aïnouz é marcado por ser sensorial (outra característica do diretor), dispensando diálogos supérfluos, todos os sentimentos e características dos personagens passam pelo corpo dos atores, o corpo é o que possibilita a compreensão de cada um.
Um dos pontos altos do filme é a trinca de atores, Wagner Moura, Jesuíta Barbosa e o alemão Clemens Schick (007- Cassino Royale), que receberam preparação da Fátima de Toledo para o papel. Que Wagner Moura dá uma cara única para seus papéis, isso não é novidade, o ator que fez “aula” com os guarda vidas na Praia do Futuro, deu vida a Donato, um cara cheio seguro, mas cheio de medos. O ator alemão Clemens Shick, pareceu bem à vontade com o português, com falas elaboradas, além de mostrar uma intimidade com o personagem de Moura. A grande revelação é Jesuíta Barbosa, que mais uma vez se mostrou versátil e capaz de fazer personagens muito diversos, segundo o ator. o personagem é muito diferente dele, um rapaz com raiva e peso.
Apesar de não nos aproximar de nenhum dos personagens, afinal de contas todos são passíveis de torcida, a ideia é humanizar cada um deles, que no começo são vistos por Ayrton como super-heróis, Donato é o Aquaman, Ayrton se denomina como Speed Racer e Konrad seria o Motoqueiro Fantasma. Além disso, os personagens não fazem amor, eles trepam (e denominam assim), o sexo acontece sem sedução e a violência é uma forma de mostrar afeto.
Donato, apesar de se mostrar decidido com suas escolhas, deixa escapar em pequenos detalhes que não é bem assim que a banda toca. No começo do filme o personagem embarca numa viagem com o companheiro para Berlim e decide ficar, mas chega lá e deixa transparecer seu desconforto em alguns momentos com Konrad, e precisar estar na água para conseguir se sentir em casa, além da sua própria casa que tem elementos como escotilhas, sereias e estrelas do mar.
A trilha sonora é muito boa, e tem dois momentos ótimos que é quando toca a música francesa Aline e os dois estão dançando na sala (uma das sequências mais bonitas do filme) e no momento que toca a música Heroes, do David Bowie.
E o mais importante é que a homossexualidade é só mais um fato na história, os personagens não precisam lidar com o preconceito (como grande parte dos personagens homossexuais) e ninguém é preparado para isso, acontece e é tão natural, como de fato é na vida real. Wagner Moura, na coletiva em São Paulo, chegou a dizer que o que menos era importante em seu personagem era sua sexualidade. E isso realmente é um acerto dos grandes.
Ano: 2013
Diretor: Karim Aïnouz.
Roteiro: Karim Aïnouz e Felipe Bragança.
Elenco Principal: Wagner Moura, Clemens Schick, Jesuita Barbosa, Savio Ygor Ramos, Sophie Charlotte Conrad, Natascha Paulick.
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasil/Alemanha
Assista o Trailer:
Galeria de Fotos: