Crítica do filme Será Que?

Por Luciana Ramos

Wallace (Daniel Radcliffe) é um jovem de vinte e poucos anos cujas aspirações afundaram com o término do seu último relacionamento, há três anos. Após abandonar a faculdade de medicina, passou a viver no sótão da sua irmã e passa os dias sem muita ânsia de viver. Isso muda no dia em que conhece a falante Chantry (Zoe Kazan) em uma festa dada pelo seu amigo e primo dela, Allan (Adam Driver).

Desde então, não consegue tirá-la da cabeça, mas possui um grande obstáculo pela frente: o fato de Chantry ter um namorado, com quem vive. A sua personalidade correta e contraída o impede de fazer algo a respeito e ele então regozija-se em virar o melhor amigo da garota.

Um laço forte de intimidade forma-se entre os dois, mas algumas mudanças, como a transferência do namorado dela para a Europa e sua possível promoção no trabalho, podem abrir uma brecha para o romance dos dois ou destruir a amizade deles.

O filme, ambientado no Canadá, cuja beleza é explorada em inúmeras locações externas, marca a primeira comédia romântica de Daniel Radcliffe, que continua a sua jornada em desassociar sua imagem de Harry Potter. Ele mostra talento para o gênero e imprime credibilidade ao papel do travado e calado Wallace. A ele soma-se o carisma despretensioso de Zoe Kazan e o retrato de uma jovem cujo maior objetivo é seguir sendo feliz fazendo o que gosta.

As personagens são bem delineadas e há uma química inegável entre os dois atores, mas nem os esforços deles e do também ótimo casal coadjuvante, formado por Adam Driver (Frances Ha) e Mackenzie Davis (Amor ou Amizade) conseguem trazer vida ao roteiro insosso de Elan Mastai. A trama segue regular e previsível, pautando-se em desvios desnecessários do conflito principal e piadas sobre o prato favorito de Elvis Presley.

Neste caso, tal defeito torna-se fatal, pois transforma todo o longa em algo demasiadamente parecido com milhares de filmes que já foram feitos ao longo de décadas. Assim, mesmo os fãs do gênero enfrentarão dificuldade em embarcar numa história que se propõe a desafiar os limites do amor e amizade sem mostrar absolutamente nada de novo.

A sensação restante é que o talento do elenco, em especial dos talentosos Radcliffe e Kazan, foi desperdiçado em uma história tola de uma fórmula batida.

Será que? (What If)