Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras

Por Gustavo Soussumi

Guy Ritchie está de volta na direção do segundo título da trilogia Sherlock Holmes e, diga-se de passagem, mostra-se mais à vontade com o gênero. O elenco traz de volta Robert Dawney Jr. (O Homem de Ferro), no papel do detetive mais famoso do mundo, e Jude Law (Contágio) como seu grande parceiro Dr Watson. Ainda contamos com outros grandes nomes como Noomi Rapace (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres) e Stephen Fry (V de Vingança).

Se o primeiro filme não agradou tanto quanto era de se esperar, nesta sequência Guy Ritchie explorou mais os personagens, conferindo-lhes maior esfericidade. Talvez a maior crítica que tem sido feita a respeito da adaptação cinematográfica seja referente às lutas. O que poucos sabem é que Sherlock Holmes era um boxeador e esgrimista experiente, e os filmes deram ênfase a essas habilidades. As lutas também servem para ilustrar sua poderosa capacidade de dedução, que ele utiliza para prever os movimentos dos adversários. Com isso, o diretor consegue abraçar um público mais amplo, agradando tanto quem gosta do mistério, crimes brilhantes e a astúcia de Holmes quanto os que preferem ver um bom filme de ação.

O lado excêntrico do detetive é altamente explorado, menos do que no primeiro filme, mas ainda exagerado ao ponto de esquecermos que o Sherlock dos livros possuía muito mais classe – um verdadeiro inglês à moda antiga, mesmo com toda sua excentricidade. Outros pontos fortes da história incluem o grande ciúme que Holmes sente a respeito do casamento de Dr Watson com Mary (Kelly Reilly), que por sua vez não aprova a amizade de seu parceiro com o detetive; a participação do irmão mais velho do detetive, Mycroft Holmes (Stephen Fry), na importante resolução do mistério; e a grande presença do Professor Moriarty (Jared Harris), o gênio arqui-inimigo de Sherlock Holmes. Harris desempenha seu papel brilhantemente, encarnando a frieza que se imaginava do “Napoleão do Crime” criado por Sir Arthur Conan Doyle.

O filme foi altamente influenciado pelo conto “O Problema Final”, mas com uma história totalmente nova. Os eventos remontam a corrida armamentista de uma Europa prestes a estourar na Primeira Guerra Mundial. Diversas camadas sociais envolvidas são representadas, dos grandes políticos às facções revolucionárias e até ciganos, o que nos banha com uma verdadeira aula de história e cultura.

A última parte da trilogia está em fase de pré-produção. Resta, então, esperar que Guy Ritchie continue o bom trabalho e evite cometer os erros do primeiro filme.

Sherlock Holmes: O jogo de sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows)