Por Lívia Fioretti
Já vou começar o texto acabando com suas principais preocupações: 1) Sim, o filme é bom e 2) Não, você não encontrará spoilers aqui. Eu não seria maldosa a ponto de acabar com a experiência intergaláctica de ninguém, especialmente pelo fato de eu mesma ter gritado e dado pulinhos na cadeira durante o filme inteiro.
Fazem 10 anos desde o lançamento do último filme da prequela (sequência que antecede outra já existente), no caso se tratando de A Ameaça Fantasma, Ataque dos Clones e A Vingança dos Sith – que vamos combinar, está longe de ser unanimemente aceita por críticos e fãs – e quase 40 anos desde que Uma Nova Esperança foi assistido pela primeira vez e um dos maiores acertos do roteiro de Lawrence Kasdan, J. J. Abrams e George Lucas é o fato de estar bem amarrado com O retorno do Jedi – filme que antecede o lançamento do ano.
Por exemplo, são traçados vários paralelos narrativos e visuais entre O despertar da Força e a trilogia original (Uma Nova Esperança, O Império Contra Ataca, O Retorno do Jedi): a presença de um droide fofo e carismático que carrega uma importante mensagem (BB-8); A Resistência (antiga Aliança Rebelde) continua combatendo uma instituição que busca acabar com a liberdade da galáxia, A Primeira Ordem (antigo Império Galáctico); os protagonistas são personagens alheios à guerra, que possuem um passado mal explicado e de repente são envolvidos na confusão; a existência de um planeta bélico e redondo – algumas vezes maior que a Estrela da Morte; e uma DR entre pai e filho em um ambiente perturbadoramente familiar.
Além da narrativa clássica, existem outros elementos que reforçam o sentimento de nostalgia e fazem surgir o geek que existe em cada um de nós: o característico corte de cenas, a presença de personagens antigos (gerando uma revolução na plateia no momento em que dão as caras) e a inconfundível trilha sonora de John Williams, que provoca a emoção do público e gera comoção certa. Além do mais, nem parece que Harrison Ford, Peter Mayhew e Carrie Fisher ficaram tanto tempo afastados de seus clássicos personagens – Han Solo, Chewbacca e a general Leia, respectivamente – tamanha a interação e o carinho que transmitem ao público.
Agora, vamos falar das novidades. Como mostraram os cartazes de divulgação, o destaque vai para três estreantes que retratam maravilhosamente a composição do mundo moderno: uma mulher, Rey (interpretada por Daisy Ridley) representando a força física, inteligência e o instinto de sobrevivência; um homem negro, Finn (John Boyega) que se rebela contra as estruturas autoritárias e o conformismo ao qual era submetido e Poe (Oscar Isaac), um latino que transmite cuidado e o sentimento de amizade. Como BB-8, os personagens são carismáticos, profundos e muito bem construídos ao mesmo tempo que não deixam de levantar bandeiras contemporâneas fundamentais – como o feminismo e a multiculturalidade. Outro novo personagem que merece destaque é Kylo Ren (Adam Driver), o novo vilão e discípulo de Darth Vader que possui camadas impressionantemente bem definidas e consegue transmitir a dualidade entre luz e trevas tão bem quanto seu antecessor.
Outro ponto que surpreendeu e acalmou os nervos dos jovens padawans foi o uso comedido de CGI e de tecnologia digital – fiquem tranquilos que está tudo sobre controle. Por exemplo, existem apenas dois personagens criados a partir de captura de movimento: a sábia Maz Kanata (interpretada pela vencedora do Oscar Lupita Nyong’o), que de certa forma tem um papel semelhante ao de Yoda e o Líder Snoke (Andy Serkis, tanto que a semelhança com Gollum, de Os Senhor dos Anéis, não é atoa).
Se eu pudesse resumir Star Wars – O Despertar da Força em duas palavras seriam Emoção e Reencontro. A emoção do coração disparar com o “PAM PAM” que precede os letreiros característicos no inicio da sessão, de conhecer novos personagens e galáxias (que possuem algo de bem familiar, como se fossem conhecidos de longa data), o aperto no peito com despedidas difíceis e inesperadas. O reencontro de antigos amigos, da Millenium Falcom e com a criança que eu era na época em que pulinhos na cadeira ainda eram socialmente aceitos. É possível dizer que a terceira trilogia começou com tudo, e ela promete.
Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens)
Ano: 2015
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Lawrence Kasdan, Michael Arndt, George Lucas.
Elenco principal: Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Harrison Ford, Mark Hammil, Carrie Fisher.
Gênero: Aventura, Ação, Ficção-Científica
Nacionalidade: EUA
Veja o trailer:
Galeria de Fotos: