Por Marília Bacci
Como já disse no outro post sobre o filme, The Lunchbox (Dabba), que estreia no Brasil nesta sexta-feira (28), conta a história de dois estranhos que acabam se conhecendo por um erro que acontece na entrega das marmitas (Dabba) em Mumbai. Ao perceber o erro, Ila (Nimrat Kaur) escreve um bilhete para Saajan (Irrfan Khan). Ele, por sua vez, responde, e assim se inicia a história dos dois, trocando cartas todos os dias. Ela, uma dona de casa jovem, que não merece a devida atenção do marido. Ele, um viúvo de meia idade que está vendo seu cargo ameaçado por alguém mais novo. Os dois encontram um no outro o que está faltando em suas vidas, uma companhia para escutar os fatos do dia a dia.
Dentre os produtores há dois grandes nomes do cinema indiano, Karan Johar e Anurag Kashyap. Os filmes de Karan geralmente fazem o estilo de filme de Bollywood que nós imaginamos, muita dança, música, casais apaixonados, mas antes de tudo seus filmes sempre tem uma ótima história e não é diferente com esse título. Já Anurag sempre foi de nadar contra a corrente do gênero dominante, portanto não me espantei nadinha quando vi o nome dele entre os produtores. The Lunchbox tem tudo o que os novos filmes de Bollywood também tem: um roteiro muito bem feito, atores não-globais (e por globais lê-se supertars indianos rs), fotografia, iluminação e filmagem que diferem da maioria. E tem também, principalmente, prêmios #reidocamarote. Foi apresentado no Festival de Cannes do ano passado (que inclusive comemorou os 100 anos de Bollywood), melhor filme no Amazonas Film Festival e no Filmfare Awards (Índia), além de prêmios de melhor diretor, ator e ator coadjuvante.
Interessante destacar como Ritesh Batra merece todos esses prêmios. Assistindo ao filme pode-se perceber claramente o apreço com que o diretor trata o filme, pensando em cada detalhe. Como as principais cenas do filme são com os atores principais interagindo separadamente, Batra encontra um simples jeito de conectar uma cena a outra, como por meio de uma mosca que é abanada do rosto de cada personagem, ou o ventilador que aparece no teto do quarto de Ila e na sala de trabalho de Saajan.
Outra curiosidade sobre o filme (os filmes indianos, em geral) é que quando os atores aparecem em meio a uma multidão as cenas são gravadas no meio das pessoas mesmo, pessoas normais, não figurantes como estamos acostumados a ver nas super produções americanas. As pessoas não foram contratadas para estar lá, e nenhuma estação de trem foi fechada para gravarem as cenas. O mais legal disso tudo é que a população indiana (principalmente em grandes centros como Mumbai, onde a história se passa) está acostumada a ver câmeras e atores gravando, e não ficam se amontoando para tirar fotos deles.
Por enquanto é o que eu tenho a falar sobre o filme. Vá ao cinema, assista e veja que a Índia não tem só filmes bonitinhos para oferecer. Tem muita coisa rolando por lá que é melhor que muito filme americano que faz sucesso…
Ano: 2013
Diretor: Ritesh Batra
Roteiro: Ritesh Batra e Rutvik Oza
Elenco Principal: Irrfan Khan, Nimrat Kaur e Nawazuddin Siddiqui.
Gênero: Drama/Romance.
Nacionalidade: Índia, França e Alemanha.
Veja o trailer:
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