Por Luciana Ramos

Brigitte (Isabelle Hupert) e Xavier (Jean-Pierre Daroussin) desfrutam de uma vida tranquila criando gados na Normandia. Casados há muito tempo, parecem ter atingido um estágio de estagnação no relacionamento, o que tem deixado a esposa bastante entediada. Um dia, uma festa numa casa vizinha a faz conhecer o jovem Stan (Pio Marmai), por quem se interessa. Com a desculpa de que vai a uma consulta dermatológica, Brigitte viaja a Paris para se permitir experimentar uma aventura romântica. Xavier, desconfiado e enciumado, decide segui-la para descobrir a verdade.

O filme, apresentado pela primeira vez ao público no Festival Varilux de Cinema Francês, conta uma história relativamente simples, mas que ganha sofisticação pelo modo com que todos os seus elementos confluem harmoniosamente. É notável um controle de ritmo durante todo o longa; as cenas duram exatamente quanto necessitam e os cortes são precisos.

A trilha sonora auxilia neste processo. O longa é recheado de jazz da década de 1960 e músicas pop contemporâneas que acompanham as imagens e finalizam as cenas de maneira orgânica. Adicionam-se a isso diálogos bem construídos e engraçados pelo tom irônico com que a protagonista se expressa em alguns momentos.

De fato, tanto Brigitte quanto os personagens que a cercam são gradativamente apresentados ao público por meio das suas reações às situações apresentadas. Conhecemos, portanto, mais a cada minuto, e isso ajuda no entendimento não só das motivações e valores de cada um como também dos seus limites.

Isabelle Huppert é um atrativo a mais na produção, muito segura na pele de uma mulher que faz questão de manter sua autenticidade e se permitir a esperar mais da sua vida. Já Jean-Pierre Darroussin funciona bem como o seu contraponto emocional, atuando como o marido desolado. Ele consegue equilibrar momentos mais leves e dramáticos passando apenas com o seu olhar a angústia e o medo em perder a sua mulher.

Marc Fitoussi, que esteve no Brasil e debateu seu filme com o público durante o último Festival Varilux de cinema francês, reforça a sua competência e sensibilidade de artista pelo controle absoluto que parece ter do seu longa. Despido de reviravoltas emocionantes e dramas excessivos, Um Amor em Paris revela-se um ótimo entretenimento pela forma graciosa que expõe as inquietudes de uma mulher que busca algo mais da vida.

 

Cinemascope - Um Amor em Paris posterUm Amor em Paris (La Ritournelle)

Ano: 2013

Diretor: Marc Fitoussi

Roteiro: Marc Fitoussi

Elenco Principal: Isabelle Hupert, Pio Marmai, Jean-Pierre Daroussin

Gênero: comédia

Nacionalidade: França

 

 

 

Veja o trailer:

Galeria de Fotos: