Por Juliana Mangorra
A necessidade do ser humano de pertencer a um grupo, de amar e ser amado. Com roteiro e direção de Hannes Holm, Um Homem Chamado Ove trata da humanidade e das emoções do protagonista. Baseado no best seller homônimo de Fredrik Backman, o filme gira em torno da trajetória de um homem de 59 anos que, após diversos acontecimentos, perdeu a vontade de viver e mostra como a ajuda de amigos é essencial para recuperá-la.
Ove (Rolf Lassgård) é um senhor rabugento e solitário, que todo dia circula seu condomínio para fazer prevalecer as regras do estatuto (muitas criadas por ele mesmo). Amargurado pela morte de sua esposa, Sonja (Ida Engvoll), e abalado pela demissão súbita do seu emprego, ele decide se matar. Mas ele nunca consegue, porque sempre aparece alguém “incompetente” que precisa de ajuda. A vinda de uma família para a casa ao lado e a amizade com Parvaneh (Bahar Pars) faz o personagem começar a enxergar a vida de outra maneira.
O mau humor constante de Ove cria diversas situações engraçadas e até nos faz lembrar, à primeira vista, do Seu Carl Fredricksen de Up – Altas Aventuras (2009). Os flashbacks, que sucedem as tentativas de suicídio, narram a infância e juventude do protagonista, revelando suas paixões por carros Saabs e por Sonja. E junto com a ótima atuação de Lassgard, trazem a toda a essência e as variações da personalidade de Ove, que cativam e comovem o público. Como o seu passado é revelado através de suas memórias, alguns personagens são retratados só pelo seu ponto de vista – ou eles são “muito bons” ou “muito maus”.
O azul é predominante em lugares e objetos que pertencem a Ove: suas roupas, seu carro – que traz lembranças do seu pai (Stefan Gödicke) –, as paredes do local onde trabalha e até mesmo a corda que utiliza para tentar se enforcar. A cor representa a sua melancolia e certo conservadorismo em relação a algumas ideias (e também a tudo o que é novo). Ove tem como característica marcante as suas verdades incontestáveis e insulta os vizinhos que não fazem nada direito, porque utilizam de tecnologias. No início do longa, as cenas também são acinzentadas, dando um aspecto de tranquilidade ao lugar e, ao mesmo tempo, isolamento. Elas vão ganhando mais cores, quando ele passa a se relacionar com outras pessoas e percebe que não pode fazer tudo sozinho.
Embora a trilha sonora sobrecarregue os momentos tristes, o diretor desenvolve uma comicidade que evita da história cair num melodrama. Vale ressaltar que o filme também propõe uma abertura a imigrantes e às novas culturas na Suécia. Um Homem Chamado Ove recebeu duas indicações ao Oscar: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem, pelo trabalho de envelhecimento dos atores.
Um Homem Chamado Ove (En Man Som Eter Ove)
Ano: 2015
Direção: Hannes Holm
Roteiro: Hannes Holm
Elenco Principal: Rolf Lassgård, Bahar Pars, Ida Engvoll, Filip Berg (Ove jovem), Stefan Gödicke
Gênero: Drama/ Comédia
Nacionalidade: Suécia
Assista ao trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=dYGhT6As7eQ